Origem do conflito entre Israel e a Palestina.

Introdução

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A posição sionista habitual é de que os judeus apareceram na Palestina nos fins do sec. XIX, reclamando a posse da sua pátria ancestral.
Os Judeus compraram terra e começaram a construir a comunidade Judia naquele local. Enfrentaram uma oposição cada vez mais violenta dos árabes palestinos, que teria derivado dum anti-semitismo inato da parte destes.
Os sionistas viram-se forçados a defender-se e, duma maneira geral, é essa a situação até aos dias de hoje.

O problema desta visão das coisas é de que, pura e simplesmente, não corresponde à verdade, tal como iremos documentar mais adiante.

O que aconteceu de facto é que o movimento sionista, desde o início, teve o intuito de desapossar totalmente os árabes originários, de modo a garantir que Israel pudesse ser um estado totalmente judeu, ou tão próximo disso quanto possível.
A terra adquirida pelo Fundo Nacional Judaico foi registada em nome do povo judaico com a disposição de que jamais poderia ser vendida ou de qualquer forma cedida a árabes (situação que é mantida até ao presente).

A comunidade árabe, à medida que se foi apercebendo das intenções judaicas, cada vez mais se opôs ao aumento da imigração de judeus e à compra de terras por parte destes, dado que isso colocava um perigo real e iminente à própria existência da sociedade árabe na Palestina. Devido a esta oposição, nunca teria sido possível levar por diante o projecto sionista como um todo, sem o apoio militar britânico.
A vasta maoiria da população da Palestina tinha sido de origem árabe, não obstante, desde o sec VII (isto é, durante mais de 1.200 anos).
Em resumo, o sionismo baseou-se numa concepção errada do mundo, colonialista no sentido em que não considerava os direitos da população pré-existente.

A oposição árabe ao sionismo não se baseou em nenhuma forma de anti-semitismo, mas essencialmente no receio totalmente razoável de usurpação do seu próprio território.
Devemos esclarecer, além do mais, na nossa qualidade de judeus que as posições que aqui defendemos representam UMA CRÍTICA AO SIONISMO e de modo nenhum UMA POSIÇÃO ANTI-SEMITA.

Não cremos que os judeus tenham actuado pior do que qualquer outro grupo nas mesmas circunstâncias.
Os SIONISTAS (que eram uma minoria especial de judeus até depois da 2ª Guerra Mundial) tinham a compreensível aspiração de estabelecer um local onde os judeus pudessem ser donos do seu próprio destino, dada a negra história das perseguições anti-semitas.
Especialmente depois do perigo que o fim dos anos trinta, e seguintes, constituiu para os judeus residentes na Europa, as diligências empreendidas pelos sionistas foram ditadas por autêntico desespero.
 

ANTIGUIDADE

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Antes da chegada dos Hebreus , cerca de 1800 AC, a terra de Canaan era ocupada pelos canaanitas.

"...Entre os anos 3.000 e 1.100 AC a civilização canaanita ocupou aquilo que é hoje Israel, a Cisjordânia, o Líbano e a maior parte da Siria e da Jordânia.
Aqueles que permaneceram nas colinas de Jerusalem (depois dos romanos terem expulsado os judeus no 2º século AC ) eram uma mescla de povos: agricultores e vinhateiros, pagãos e convertidos ao Cristianismo, descendentes de árabes, persas, samaritanos, gregos e velhas tribus canaanitas”.
In: “Their Promised Land”, Marcia Kunstel e Joseph Albright.

Ascendência ancestral dos actuais “palestinos”

“…todos estes povos diversos vindos para a terra de Canaan eram acrescentos, enxertos da árvore mãe… e essa era a árvore canaanita. Os árabes invasores do sec. VII fizeram dos nativos muçulmanos convertidos, e com eles foram casando, com o resultado de que hoje se encontram de tal modo arabizados que é impossível dizer onde acabam os antigos canaanitas e começam os mais recentes árabes”.
In: “Árabes e Judeus na Antiga Terra de Canaan”, Illene Beatty.

Os reinados judaicos foram apenas um de muitos períodos da antiga Palestina

Os extensos reinados de David e Salomão, nos quais os sionistas basearam as suas pretensões territoriais, resistiram apenas 73 anos… tendo-se desagregado logo depois…
(mesmo) se considerarmos de independência todo o período de vida dos antigos reinados judaicos, desde a conquista de Canaan por David em 1.000 AC até à expulsão de Judá em 585 AC, conclui-se que foi apenas de 414 anos o predomínio dos judeus…”;
In: “Árabes e Judeus na Antiga Terra de Canaan”, Illene Beatty.

Ainda a respeito da civilização canaanita recentes escavações arqueológicas forneceram provas de que Jerusalém já era uma grande cidade fortificada em 1.800 AC.
Os achados revelam que a existência prévia de um elaborado sistema de canalização de águas, até ao presente atribuído aos conquistadores israelitas, era anterior a eles cerca de oito séculos e era ainda mais elaborado do que se supunha.
O Dr. Ronny Reich que dirigiu as escavações, bem como Eli Shuicrun, disse que a totalidade do sistema tinha tido a concepção global dos canaanitas do período intermédio da Idade do Bronze, cerca de 1.800 AC.”
In: “The Jewish Bulletin”, 31 de Julho de 1998.

Por quanto tempo foi a Palestina território árabe?

“...A Palestina tornou-se um território predominantemente árabe e islâmico por alturas do fim do século sétimo.
Quase imediatamente depois as suas fronteiras e as suas características – incluindo o seu nome em árabe “Filistina” – tornaram-se conhecidos de todo mundo islâmico, tanto devido à sua fertilidade e beleza quanto ao seu significado religioso.
Em 1516 a Palestina tornou-se uma província do Império Otomano, mas isso não diminuiu em nada a fertilidade das suas terras, ou a condição árabe ou islâmica dos seus habitantes, sessenta por cento dos quais se dedicava à agricultura, encontrando-se no geral divididos entre habitantes de localidades e pequenos grupos nómadas.
Todos porém se consideravam pertencer à Palestina, muito embora fizessem parte integrante da grande nação Árabe.
Apesar da chegada regular à Palestina de colonos judeus depois de 1882, é importante notar-se que nunca tinha havido ali, até poucas semanas antes da constituição de Israel na primavera de 1948, nada a não ser uma esmagadora maioria de árabes.
Por exemplo, a população judaica em 1931 era de 174.606 num total de 1.033.314...”
In: “The Question of Palestina”, Edward Said.

Como funcionava na Palestina a propriedade tradicional da terra, e quando é que se transformou

“...O Código Otomano da Terra” de 1858 requeria o registo das propriedades rústicas em nome individual do seu proprietário, o que maioritariamente nunca tinha sido feito antes, sendo vigentes as normas tradicionais de posse da terra, na área das colinas da Palestina (ou “masha’as”) ou em versão comunitária.
A nova lei implicava que, pela primeira vez, um camponês poderia ser privado não da titularidade da sua terra, de que aliás não havia disfrutado antes, mas sim do direito de nela habitar, cultivar e transmitir aos seus herdeiros, coisa inalienável até então.
De acordo com a Lei de 1858 os direitos comunitários ao uso da terra foram frequentemente ignorados. Em vez disso, os membros das classes privilegiadas, experimentados na utilização das leis em proveito próprio, registaram em seu nome largas porções de terreno.
Os “fellahin” (camponeses) considerando de modo natural que certas terras eram suas, vinham a descobrir que tinham deixado de ser os seus legítimos proprietários apenas no instante em que elas eram vendidas a colonos judeus por proprietários considerados “absentistas”.
A aquisição das terras em causa não ficava por aí: os seus cultivadores árabes eram desapossados e substituídos por estrangeiros abertamente orientados de acordo com objectivos políticos para a Palestina.”
In: “Blaming the Victims” (“Culpando as Vítimas”) Rashid Khalidi, ed. Said and Hitchens.

A oposição dos árabes à chegada dos sionistas era baseada em sentimentos anti-semitas ou na sensação de perigo real para a sua comunidade?

“O objectivo do Fundo Nacional Judaico era o de “redimir a terra da Palestina e a sua posse inalienável pelo povo judaico”.
Logo a partir de 1891 o líder sionista Ahad Há’am escreveu que os árabes “entenderam muito bem quais eram os nossos propósitos “;
por seu turno Theodor Herzl, o fundador do sionismo declarou que “…procuraremos volatilizar a população (árabe) sem vintém para lá da fronteira, procurando dar-lhe que fazer em países de passagem, negando-lhes emprego na nossa própria terra…”;
“…tanto processo de expropriação ou remoção dos pobres deve ser empreendido de forma discreta e circunspecta”;
Em variadas localidades do Norte da Palestina os agricultores Árabes negaram retirar-se de terras compradas por colonos a proprietários considerados “absentistas” , e as autoridades turco-otomanas, a pedido do Fundo Nacional Judaico expulsou-os!...
Os próprios judeus indígenas da Palestina reagiram negativamente ao sionismo. Não compreenderam a necessidade de um estado judeu na Palestina e não quiseram deteriorar as relações com os árabes;
In: “Palestine and Israel: A Challenge to Justice” de John Quigley.

Anti-semitismo inerente? Continuação…

“Antes do sec. XX , a maior parte dos judeus da Palestina pertencia ao velho Yushuv, ou comunidade que se tinha estabelecido mais por razões religiosas do que por motivos políticos. Não havia praticamente conflito nenhum entre eles e a população árabe. As tensões começaram a surgir quanto chegaram os primeiros colonizadores sionistas em 1880… quando efectuaram as compras aos tais considerados “proprietários absentistas” o que conduzia à expropriação dos que as haviam trabalhado…”
In: “The Arab-Israeli Dispute” de Don Peretz.

“...(durante a Idade Média ) o Norte de África e o Médio Oriente árabe tinha-se tornado um lugar de refúgio e porto seguro para os judeus expulsos de Espanha e de outros sítios… Na Terra Santa… conviveram em (relativa) harmonia, uma harmonia apenas comprometida no momento em que os sionistas começaram a reinvindicar a “direito legítimo” à exclusão dos residentes árabes e cristãos”.
In: “Bitter Harvest” de Sami Hadawi.

Atitude dos judeus perante os árabes assim que chegaram à Palestina

“… os judeus que eram geralmente servos nos países da “Diáspora” (ou seja, todos aqueles onde haviam residido na qualidade de povo errante), acharam-se subitamente em liberdade na Palestina, resultando neles tal mudança numa inclinação para o despotismo. Tratam os árabes de forma hostil, privam-nos dos seus direitos, ofendem a sua causa, gabando-se mesmo de tais atitudes, sem que ninguém entre eles se oponha a esta lamentável e perigosa conduta “
(citação feita no livro “Bitter Harvest”, de Sami Hadawi de palavras proferidas pelo escritor sionista Ahad Há’am)

Propostas de colaboração entre árabes e judeus

“...um artigo de Yitzhak Epstein, publicado no “Hashiloha” em 1907 apelava para uma nova política do sionismo relativamente aos árabes após 30 anos de actividades de colonização judadaico-sionista na Palestina…”, tal como Ahad-Há’am em 1891, Epsteim afirma que uma terra devoluta não presta, pelo que a implantação judaica significava espoliação dos árabes.
A solução de Epstein para o problema, de modo a evitar um novo “problema judaico”, era a criação de um programa bi-nacional e não exclusivista de colonização e desenvolvimento. A compra de terras não deveria implicar a espoliação dos pequenos agricultores associados. O que envolvia a criação conjunta de uma comunidade agrícola na qual os árabes beneficiassem de moderna tecnologia. Escolas, hospitais e bibliotecas não seriam segregacionistas e a educação seria bilingue. A concepção de uma cooperação pacífica em vez da prática da espoliação encontrou poucos adeptos. Epstein foi caluniado e ridicularizado por ter demonstrado fraqueza de ânimo…”
In: “Original Sins”, de Benjamin Beith-Hallahmi, escritor israelita.

Quando o movimento sionista arrancou, qual era a situação de preferência relativa da Palestina como destino de refúgio dos judeus vítimas de perseguições?

“Os progroms forçaram muitos judeus a abandonar a Rússia. Sociedades tais como os “Amantes de Sion”, percursores das organizações sionistas, convenceram alguns dos assustados emigrantes a ir para a Palestina. Ali, argumentavam, os judeus iriam reconstruir os “reinos de David e Salomão”.
A maior parte dos judeus ignoraram um tal apelo e escaparam-se para a Europa e os Estados Unidos. Por voltas de 1900, só nos Estados Unidos, tinham-se estabelecido cerca de um milhão”
In: “Our Roots Are Still Alive” in “The Peolple Press Palestine Book Project”.
 

Período do Mandato Britânico – 1920/1948

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A “declaração Balfour” promete uma pátria judaica na Palestina

“A declaração Balfour, feita em Novembro de 1917 pelo Governo Britânico… foi feita
a) por uma potência europeia;
b) a respeito de um território não-europeu;
c) na mais absoluta indiferença quer pela presença quer por desejos expressos da maioria dos nativos ali residentes”..
(de acordo com declarações escritas pelo próprio Balfour em 1919):
“…As contradicções de conteúdo da “Aliança” (tendo prometido a declaração anglo-francesa de 1918 a independência aos árabes das colónias Otomanas como recompensa do seu apoio aos aliados) são ainda mais flagrantes no que toca à nação Palestina independente do que à nação Síria independente. Porque no caso da Palestina nem sequer propomos empreender qualquer consulta popular junto dos residentes naquele território; As quatro potências estão comprometidas perante o sionismo e apenas perante ele, esteja certo ou errado, seja bom ou ruim, esteja baseado em tradição remota ou necessidades apenas actuais e expectativas futuras de maior calibre que o prejuízo de 700 000 árabes que actualmente residem naquele antigo teritório…”
In: “The Question of Palestine”, de Edward Said.
A Palestina: terra desértica antes da chegada dos judeus?

“O alto comissário britânico para a Palestina, John Chancellor recomendou a suspensão total da emigração para a Palestina e a compra de terra, para protecção da agricultura dos árabes. Declarou que “toda a cultivável se encontra ocupada e que nenhuma parcela da mesma poderia ser vendida a judeus, a menos que se quisesse criar uma classe de agricultores árabes sem terra…”
O Ministério das Colónias rejeitou essa recomendação, de acordo com o que nos diz John Quigley na sua obra “Palestine and Israel: A Challenge to Justice”.
Os sionistas fundadores planeavam coexistir com os Árabes?
Em 1919 a “Americam King-Crane Commission” passou seis semanas na Síria e na Palestina entrevistando delegações e lendo requerimentos.
No seu relatório podia ler-se: “…os membros da comissão iniciaram o estudo do sionismo tendo inicialmente uma predisposição favorável ao mesmo… Tornou-se porém repetidamente evidente nos seus encontros com os sionistas que estes tinham a intenção de excluir completamente os actuais residentes não judeus da Palestina, através de formas várias de compra…”

“…Se o princípio da autodeterminação é para pôr em prática, e se os desejos do povo palestiniano são para ser tidos em conta, deve lembrar-se que a população não judaica da Palestina - ou seja, nove décimos da mesma – estão declaradamente contra o programa sionista. Sujeitar um povo assim determinado a uma imigração ilimitada de judeus , a par com uma pressão financeira e social para que cedam terras, será uma violação grosseira do princípio referido.
“…Nenhum dos agentes britânicos contactados pelos membros da Comissão acreditava que o programa sionista pudesse ser levado a cabo a não ser pela força das armas. Pensavam aliás, duma forma geral que, mesmo para lhe dar início, seriam necessários nunca menos de cinquenta mil homens. Por si só esse facto comprova o forte sentido de injustiça que caracterizava o programa sionista. …”
“…A pretensão inicial, frequentemente apresentada por representantes sionistas, de que tinham “o direito” à Palestina com base na ocupação de há dois mil anos, dificilmente pode ser levada a sério..”
Vide: “The Israel-Arab Reader”, ed. Laquer and Rubin.
Lado a lado – continuação


“…A política de terras dos sionistas foi incorporada na Constituição da Agência Judaica para a Palestina;
“…a terra é para ser adquirida como propriedade judaica e o título de posse deve ser registado em nome do Fundo Nacional Judaico, com a finalidade de que o mesmo deve ser conservado como propriedade inalienável do povo judaico…”
Essa determinação vai ao ponto de estipular que a Agência deve promover a colonização de tais terras por mão de obra judaica…
O efeito para os árabes desta política sionista de colonização, era de que a terra adquirida pelos judeus como que desaparecia do mapa, cessando de existir para eles no presente e no futuro, fosse para que efeito fosse…”

“…Os sionistas não ocultaram as suas intenções, tanto que em 1921 o Dr. Eder, membro da Comissão Sionista, declarou desassombradamente em Tribunal que:
- Apenas pode existir uma pátria na Palestina, e terá de ser Judaica, sem igualdade na parceria entre árabes e judeus, mas sim preponderância destes sobre aqueles, logo que seja possível reunir uma quantidade suficientemente numerosa de elementos da mesma raça; ao que acrescentou a pretensão de que apenas aos judeus seria permitido o uso de armas…”
In: “Bitter Harvest”, de Sami Hadawi.
Frente à oposição árabe, terão os sionistas feito diligências para estabelecer “regras maioritárias” na Palestina?

“É claro que a última coisa que os sionistas desejavam era de que todos os habitantes da Palestina tivessem direitos iguais no governo do território…” Chaim Weizmann tinha inculcado junto de Churchill a ideia de que um governo democrático-representativo teria ditado o insucesso da Pátria Nacional Judaica na Palestina…”
“Churchill declarou que:
“- A actual forma de governo continuará por muitos anos. Passo a passo desenvolveremos instituições representativas que conduzam ao pleno auto-governo, mas os filhos dos nossos filhos morrerão antes que isso possa ser uma realidade…”
In: “The Gun and The Olive Branch”, de David Hirst.
A recusa aos árabes de auto-determinação

“Mesmo que ninguém perca a sua terra, o programa sionista era injusto à partida porque recusava direitos políticos à maioria.
Os sionistas, em princípio, não podiam conceder aos povos nativos da região o exercício de direitos políticos, porque isso implicava a condenação da sua empresa…”
In: “Original Sins”, de Benjamin Beit-Hallahmi.
Resistência árabe ao sionismo pré-israelita

“…em 1936-39 os árabes da Palestina tentaram uma revolta nacionalista… David Ben-Gurion, eminentemente um realista, reconheceu a natureza da mesma. Em discussões internas referiu que “na nossa argumentação política exterior minimizamos a importância da oposição que nos é feita pelos árabes”, mas acentuou que “entre nós não devemos ignorar a verdade”. E a verdade era que “politicamente nós somos os agressores e eles estão a defender-se… O país é deles, porque o habitam, enquanto que nós queremos vir-nos estabelecer aqui, o que na sua opinião significa que lhe queremos usurpar a sua terra, sem termos sequer entrado ainda…”
A revolta foi esmagada pelos britânicos, com brutalidade, de acordo com o que nos diz Noam Chomsky no seu livro “The fateful Triangle”.
A opinião de Gandhi a respeito do conflito na Palestina, 1938
“…a Palestina pertence aos árabes no mesmo sentido que a Inglaterra pertence aos ingleses ou a França aos franceses…
Aquilo que está a acontecer hoje em dia na Palestina não pode ser justificado por nenhum código moral de conduta...
Se os judeus olham para a Palestina como a sua pátria natural, é errado dar entrada ali ao abrigo da protecção armada britânica. Um acto religioso não pode ser perpetrado à ponta das baionetas e à bomba...
Apenas podem estabelecer-se ali se houver boa vontade dos árabes… e, como as coisas se apresentam limitam-se a ser cúmplices dos ingleses na espoliação de um povo que não lhes fez mal nenhum...
Não estou a defender os excessos árabes. Preferia que eles tivessem escolhido a via da não-violência para resistir contra aquilo que eles consideram uma invasão do seu próprio país. De acordo com os modelos normalmente aceites de certo e de errado, nada pode ser dito contra a resistência árabe em face de infortúnios arrazadores…”
Palavras de Mahatma Gandhi, citado em “A Land of Two Peoples”, ed. Mendes-Flohr.
Qual a percentagem de terra comprada pelos sionistas antes do estabelecimento de Israel?
“...Em 1948, no momento em que Israel se declarou um estado, era proprietário de pouco mais de 6% (seis por cento) da terra da Palestina…
Depois de 1940, quando autoridades mandatárias restringiram a posse da terra pelos judeus a zonas específicas no interior da Palestina, continuou a haver compras (e vendas) dentro dos 65% da área total da Palestina que era exclusiva dos árabes.
Desta forma, quando o plano de partilha foi anunciado em 1947 incluiu terras que estavam ilegalmente na posse de judeus, cuja incorporação no interior das fronteiras do estado judaico foi entendido como “facto consumado”. E depois de Israel ter anunciado a constituição do seu estado, uma impressionante quantidade de leis fizeram a assimilação de vastas porções de terreno (cujos proprietários tinham passado à condição de refugiados e pronunciados como “proprietários absentistas”, de forma a permitir a expropriação das suas terras e impedir o seu regresso sob que circunstâncias fosse)…”
In: “The Question of Palestine”, de Edward Said.

A partilha da Palestina pelas Nações Unidas

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Porque razão recomendaram as Nações Unidas a partilha da Palestina entre estado judeu e estado árabe?

“…Em Novembro de 1947 os Estados Unidos revelaram-se o mais agressivo proponente da partilha. Fizeram com que a Assembleia Geral adiasse uma votação “para ganhar tempo e conseguir alinhar certos estados da América Latina com as suas posições”.
Alguns delegados acusaram os Estados Unidos de “intimidação diplomática” .
Sem a “pressão violenta” por parte dos EUA junto de governos que não podiam dar-se ao luxo de arriscar-se a sofrer represálias da sua parte, declarou um editorialista anónimo , a resolução nunca teria “passado”
Referido por John Quigley no seu livro “Palestine and Israel: A Challenge to Justice”.

Qual era a posição de Truman?

“Lamento muito meus Senhores, mas tenho que corresponder a centenas de milhar que aguardam ansiosamente pelo sucesso do sionismo. Dos meus eleitores não fazem parte centenas de milhar de árabes”
Palavras do Presidente Harry Truman, citado na obra de Abed-Rabbo e Mezvinsky “Anti-sionismo”, ed. Teikener.

Teria sido justa a partilha da Palestina, para árabes como para judeus?

“A rejeição árabe foi baseada no facto de que, enquanto a população do estado israelita era para ser metade judaica, não chegando os judeus a possuir 10% da área do estado, eram estes que ficavam como sector dominante – decisão que nenhum povo com respeito por si próprio poderia aceitar sem protesto, para dizer o mínimo…
A acção das Nações Unidas entrou em conflito com os princípios básicos que determinavam a organização mundial, nomeadamente quanto ao direito de todos os povos à auto-determinação.
Ao recusar aos árabes da Palestina, que constituíam uma maioria de dois terços dos habitantes do país, o direito a decidir por si mesmos, as Nações Unidas violaram a sua própria carta constitutiva.”
In: “Bitter Harvest”, de Sami Hadawi.

Estavam os sionistas preparados para aceitar a partilha de território oferecida em 1947 pelas Nações Unidas?

“Enquanto que a liderança do Yishuv aceitou formalmente a Resolução de Partilha de 1947, vastos sectores da sociedade israelita – incluindo Ben-Gurion – ou se opunham à mesma ou se mostravam por ela abertamente contrariados, passando a encarar dali em diante a guerra como oportunidade ideal para expandir as fronteiras do novo estado para além daquelas que tinham sido demarcadas pelas Nações Unidas, à custa dos Palestinos”
In: “Tikkun”, Março/Abril de 1998, por Benny Morris, historiador israelita.

Posições públicas contra posições privadas sobre esta questão

“Em discussão interna de 1938, declarou David Ben-Gurion que: “depois de nos termos tornada numa força poderosa, como consequência da formação do nosso estado, aboliremos a “partilha” e vamo-nos expandir por todo o estado da Palestina.”
Em 1948 Menachem Begin declarou que “a partilha do território pátrio é ilegal. Nunca será reconhecido. As assinaturas de entidades individuais e colectivas no acordo redigido são inválidas e não vinculam o povo de Israel, no seu todo. E para sempre”!
In: “The Fateful Triangle”, de Noam Chomsky.

O começo da guerra

“Em Dezembro de 1947, os britânicos anunciaram que se retirariam da Palestina no ano seguinte, a 15 de Maio.
Os palestinos de Jerusalém e Jaffa convocaram uma greve geral contra a “partilha”. A luta estalou nas ruas de Jerusalém quase imediatamente. Confrontos violentos descambaram numa guerra total.
Durante o fatídico Abril de 1948, oito de treze dos principais ataques militares dos sionistas aos palestinos tiveram lugar em territórios que pertenciam ao estado árabe.”
Publicado pelo “People Press Palestine Book Project” sob o título: “Our Roots Are Still Alive”.

Os sionistas desrespeitam as fronteiras da “partilha”

“…Antes do fim do mandato e, por conseguinte antes de existirem possibilidades de qualquer intervenção dos estados árabes, os judeus, aproveitando a sua organização e superioridade militar ocuparam a maior parte das cidades árabes da Palestina, antes de 15 de Maio de 1948. Tiberias foi ocupada a 19 de Abril, Haifa a 22 de Abril, Jaffa a 28, os bairros árabes da Nova Cidade de Jerusalém a 30 de Abril, Beisan a 8 de Maio, Safad a 10 de Maio, Acre a 14…
Em contraste os árabes palestinos não tomaram nenhum dos territórios reservados para o estado israelita, conforme a resolução da “partilha”…”
In: “Palestine, the Arabs and Israel”, de Henry Cattan, autor britânico.

As culpas duma escalada do conflito

“Menahem Begin, líder do Irgun, diz-nos em Jerusalém como noutros locais “fomos os primeiros a passar da defensiva à ofensiva… Os árabes começaram a fugir aterrorizados… a Hagana (o exército israelita) empreendia ataques com êxito noutras frentes , enquanto que todas as forças israelitas continuavam a avançar por Haifa como faca em manteiga”... Os israelitas argumentavam agora que a guerra da Palestina tinha começado com a entrada das forças árabes na Palestina depois de 15 de Maio de 1948. Porém essa era a segunda fase da guerra; com efeito os israelitas ignoraram os massacres, as expulsões e as usurpações que tinham ocorrido antes daquela data, e que teriam justificado a intervenção de outros estados árabes”
In: “Bitter Harvest”, de Sami Hadawi.

O massacre de palestinianos de Deir Yassin por soldados judeus

“Durante todo o dia 9 de Abril de 1948, os soldados da Irgun e da LEHI levaram a cabo matanças a sangue frio.
Os atacantes alinharam homens, mulheres e crianças contra os muros e liquidavam-nos a tiro.
A ferocidade dos ataques a Deir Yassin chocou a própria comunidade judaica mundial, semeou o pânico na sociedade árabe e conduziu à fuga de civis desarmados dos seus lares por todo o país”
In: “The Birth of Israel” de Simha Flapan, autor israelita.

Foi o massacre de Deir Yassin o único do mesmo calibre?

“…em 1948 os judeus não somente eram capazes “de se defender” como o eram de cometer atrocidades. Sem dúvida, de acordo com as informações prestadas pelo antigo director dos arquivos secretos do exército israelita “em quase todas as localidades ocupadas por nós durante a Guerra da Independência foram cometidos actos definíveis como crimes de guerra, tais como assassinatos, massacres e violações”. Uri Milstein , o autorizado historiador militar da guerra de 1948 vai mais além, afirmando que qualquer escaramuça com árabes acabava num massacre”.
In: “Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict”, de Norman Finkelstein.
 

Cidadania e Expulsão

1948

Reacção dos árabes à criação do estado de Israel

“…Os exércitos dos estados árabes entraram em guerra imediatamente a seguir à fundação do Estado de Israel em Maio. A luta continuou, tendo decorrido quase toda dentro da parte do território que tinha sido atribuído ao Estado Palestino”
“…Cerca de 700 000 palestinos fugiram ou foram expulsos durante o conflito de 1948”.
In: “The Fateful Triangle”, de Noam Chomsky

Que riscos para o estado de Israel de parte dos exércitos árabes?

“A Liga Árabe convocou apressadamente os seus membros para que enviassem tropas regulares para combater na Palestina. A sua missão era apenas a de salvaguardar as áreas da Palestina que tinham sido atribuídas aos árabes.
Eram contudo tropas mal equipadas sem comando central unificado.
O rei Abdullah da Jordânia prometeu aos israelitas e aos britânicos que as suas tropas (a Legião Árabe), únicas dentre os exércitos árabes com reais capacidades de luta, evitariam recontros com colónias de judeus. Contudo, certos historiadores ocidentais relatam este facto como tendo sido “…uma luta travada entre o jovem estado judaico e as “hordas avassaladoras” de cinco estados árabes…”
A única realidade era a intensificação da ofensiva israelita contra os palestinos;
referido pelo “Peoples Press Palestine Book Project” intitulado: “Our Roots Are Still Alive”.

Limpeza étnica da população árabe da Palestina

“Joseph Weitz, foi director do “Jewish National Land Fund” (Fundo Judaico do Território Nacional); a 19 de Dezembro de 1940 escreveu:
“…Deve tornar-se claro que não existe espaço neste país para dois povos…
A empresa sionista até agora tem sido levada a cabo com êxito no seu devido tempo, servindo-se adequadamente do processo de “compras de terra” – mas isso não concretizará o Estado de Israel, que deve formar-se num todo, à maneira de uma Salvação (tal é o segredo da ideia Messiânica);
E não há outra forma senão a de transferir os árabes daqui para os territórios vizinhos, “transferi-los” a todos.
Exceptuando talvez Belém, Nazaré e a velha Jerusalém não devemos deixar uma única simples localidade, uma única tribo.
Declarações como estas feitas por elementos sionistas, houve-as às centenas!
In: “The Question of Palestine”, de Edward Said.

Limpeza étnica; continuação

“A seguir à eclosão de 1936, nenhum líder sionista da corrente dominante foi capaz de configurar perspectivas que não implicassem uma separação física nítida entre os dois povos – praticável apenas por meio de deslocações ou expulsão. Publicamente continuavam todos a falar de coexistência, atribuindo actos de violência a minorias de fanáticos ou agitadores. Mas essa atitude era meramente exterior. Ben Gurion sintetizou: “com deslocações obrigatórias conseguiremos uma vasta área de colonização; pela minha parte sou adepto das deslocações obrigatórias, não vejo mal nenhum nisso”.
In: “Righteous Victims”, de Benny Morris, historiador israelita.

“…Ben-Gurion desejava claramente tão poucos árabes remanescentes no estado judaico quanto possível . A sua esperança era vê-los desaparecer. Foi tanto quanto disse aos seus colegas e assistentes nas reuniões de Agosto, Setembro e Outubro de 1948. No entanto nenhuma política de expulsões foi publicamente pronunciada e Ben-Gurion inibiu-se de emitir claras ordens de expulsão por escrito; preferiu que os seus generais “entendessem” o que devia ser executado. Não queria dar entrada na história como “o grande expulsor” e não queria ver o governo israelita implicado numa política moralmente questionável.
Contudo, enquanto que não existia uma política de expulsões”, as ofensivas de Julho e Outubro de 1948 eram caracterizadas por muito mais expulsões, sem dúvida muito mais brutalidade para com os civis árabes, do que na primeira metade da guerra…”
In: “The Birth of the Palestinian Refugee Problem, 1947 - 1949”, de Benny Morris.

Não teriam os palestinos abandonado voluntariamente as suas casas durante a Guerra de 1948?

“…A propaganda israelita negligenciou acentuadamente a queixa de que o êxodo dos palestinos de 1948 fora “auto-induzido”. Os meios oficiais aceitaram implicitamente que a população árabe fugira como consequência da acção israelita – directamente como no caso de Lydda e Ramleh, ou indirectamente, devido ao pânico provocado em centros populacionais árabes por massacres que tinham tido lugar através da Palestina, tal como o de Deir Yassin.
No entanto, embora o registo histórico tenha relutantemente reconhecido o facto, o regime israelita, e os seus continuadores, ainda recusam aceitar moral ou publicamente a responsabilidade pelo programa que activamente criaram…”
In: “Blaming the Victims”, citação de Peretz Kidron; ed. Said and Hitchens.


Os árabes contra a evacuação da Palestina!

“…A BBC monitorizou todas as emissões radiofónicas efectuadas no Médio Oriente durante o ano de 1948. As gravações existentes e bem assim as de uma empresa de monitorização Estado Unidense, podem ser observadas no British Museum.
De parte das emissoras de rádio árabes, localizadas dentro ou fora da Palestina, não foi emitida uma única ordem ou feito qualquer apelo de evacuação da Palestina, em 1948. Existe ao contrário, o registo de apelos árabes repetidos, e até ordens claras dadas aos civis palestinos para ali permanecerem…”
In: “Bitter Harvest”, de Sami Hadawi citando Erskine Childers, investigador britânico.

“… É muito difícil não acreditar na intenção de Ben-Gurion de evacuar tantos árabes quanto fosse possível do estado judaico, quanto mais não seja pela diversidade de meios que utilizou para consegui-lo, principalmente no que se refere à destruição de localidades por inteiro com expulsão da totalidade dos seus residentes, mesmo aqueles que não tivessem participado na guerra e que tivessem ficado em Israel na esperança de viver em paz e igualdade, tal como fora prometido na Declaração de Independência…”
In: “The Birth of Israel” de Simha Flapan, autor israelita.

A destruição deliberada de localidades árabes para evitar o seu regresso

“…Durante o mês de Maio de 1948 começaram a cristalizar as ideias de como consolidar e dar permanência ao exílio palestino, e a destruição de localidades foi de imediato entendida como forma elementar de concretizar esse objectivo. Já antes disso, a 10 de Abril do mesmo ano a Haganah tomou Abu Susha. A vila foi destruída nessa mesma noite.
Khulda foi arrazada em 20 de Abril por bulldozers israelitas;
Abu Zureiq foi completamente demolida;
Al Mansi e Na Naghnaghiva, a sudoeste, foi também arrazada;

Em meados do ano de 1949 a maioria das 350 localidades que haviam sido despovoadas fora parcial ou totalmente reduzida a ruínas ou encontrava-se completamente inabitável…”
In: “The Birth of the Palestinian Refugee Problem, 1947-1949”, de Benny Morrys.

Depois de ter terminado a luta, porque é que os palestinos não regressaram às suas casas?

“…A primeira resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, que tem o número 194, e que afirma o direito do povo palestino a regressar ao lar e às suas terras, foi aprovado no dia 11 de Dezembro de 1948.
Foi reapreciada não menos do que 28 (vinte e oito) vezes desde essa primeira data.

Muito embora o direito moral e político de uma pessoa regressar ao lugar de residência permanente seja reconhecido em todo a parte, Israel negou essa possibilidade, tornando sistemática e juridicamente impossível o regresso dos palestinos à sua terra, fosse porque processos fosse, retirando-lhe ainda quaisquer direitos compensatórios, ou sequer o direito de viver em Israel em paridade de direitos com qualquer judeu israelita…”
In: “The Question of Palestine”, de Edward Said.

Qual a justificação para esta expropriação da terra?

“…O facto dos árabes terem fugido apavorados devido ao receio da repetição dos massacres sionistas de 1948, não era razão para lhes recusar as suas casas, terrenos e demais pertences. Os civis que são surpreendidos em áreas onde se travam acções militares entram geralmente em pânico. Mas é-lhes sempre permitido regressar ao lar quando o perigo deixa de existir. A conquista militar não extingue o direito à propriedade privada, nem dá aos vencedores o direito de confiscar bens dos civis não beligerantes. A apropriação de propriedades árabes por parte dos israelitas foi ultrajante…”
In: “Bitter Harvest”, Sami Hadawi

As negociações após as guerras de 1948-1949

“…Em Lausanne, o Egipto, a Síria, o Líbano e os palestinos tentaram salvar através de negociações o que tinham perdido na guerra – um estado palestiniano a par do de Israel. Israel contudo preferiu um precário armistício em vez de um tratado de paz definitivo que envolvesse concessões territoriais e a repatriação que fosse de um simbólico número de refugiados. A recusa do reconhecimento do direito dos palestinos à auto-determinação e à cidadania demonstrou ser, ao longo dos anos, a origem principal da agitação, da violência e do morticínio que vieram a acontecer…”
In: “The Birth of Israel” de Simha Flapan, autor Israelita

A admissão de Israel às Nações Unidas e a rejeição das condições sob as quais isso ocorreu

“…A conferência de Lausanne abriu oficialmente no dia 27 de Abril de 1949. A 12 de Maio o Comité das Nações Unidas de Conciliação da Palestina concretizou o seu único êxito ao induzir as partes a assinar um protocolo conjunto para uma paz global. Israel aceitou pela primeira vez o princípio da repatriação dos refugiados árabes e a internacionalização de Jerusalém, mas fê-lo como mero exercício de relações públicas destinado a reforçar a sua imagem internacional.
Walter Eytan, chefe da delegação israelita declarou:
- O meu objectivo principal era o de sabotar o protocolo de 12 de Maio, que tínhamos assinado sob o condicionamento imposto pelas negociações da nossa admissão às Nações Unidas. Sabíamos que uma não aceitação do documento teria efeito negativo imediato junto do Secretário Geral das Nações Unidas e de vários governos …”
In: “The Making of the Arab-Israel Conflict, 1947-1951”, de Ilan Pappe, historiador israelita.

“…O preambulo da resolução de admissão de Israel às Nações Unidas incluiu uma salvaguarda do seguinte teor: “Em referência à resolução de “partilha” de territórios de 29 de Novembro de 1947 e de 11 de Dezembro de 1948 (a respeito de indemnizações compensatórias) e levando em conta as declarações e explicações feitas pelo representante de governo de Israel ante o Comité Político ad-hoc, a respeito do cumprimento das ditas resoluções, a Assembleia Geral decide admitir Israel como membro das Nações Unidas…”.

“Deverá sublinhar-se estar aqui uma condição e um compromisso de levar à prática as resoluções mencionadas.
Não se punha a questão desse cumprimento ter de esperar pela declaração de paz segundo as pretensões de Israel, tal como mais tarde veio a reclamar para justificar o seu não cumprimento das mesmas resoluções. “
In: “Bitter Harvest” de Sami Hadawi.

Qual o destino dos palestinos que se tinham tornado refugiados

“…O Inverno de 1949, o primeiro Inverno de exílio para mais de setecentos e cinquenta mil palestinos, foi rigoroso e difícil. Famílias refugiadas em cavernas, cabanas abandonadas ou tendas improvisadas. Muitos desses esfomeados estavam apenas a meia dúzia de km das suas antigas hortas e pomares, na Palestina ocupada – o novo estado de Israel…”
No fim de 1949 as Nações Unidas actuaram finalmente, organizando a Administração das Tarefas de Auxílio das Nações Unidas (UNRWA) para se encarregar de mais de sessenta campos de refugiados, esforço que conseguiu, embora a custo, fazer sobreviver refugiados...”
In: “Peoples Press Palestine Book Project” intitulado: “Our Roots Are Still Alive”.
 

A guerra de 1967 e a ocupação israelita da Cisjordânia e da Faixa de Gaza

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Foram os Egípcios que de facto começaram a guerra de 1967, tal como afirmou de início Israel ?

“O anterior comandante da Força Aérea, General Ezer Weitzman, considerado um “falcão” , declarou que não havia “ameaça de destruição, mas que o ataque ao Egipto, à Jordânia e à Síria contudo se justificava de modo a que Israel pudesse existir de acordo com a escala, o espírito e a qualidade que lhe agora lhe corresponde”; Menahem Begin tinha as seguintes observações a fazer: “Em Junho de 1967, mais uma vez não tínhamos alternativa. As concentrações do exército Egípcio em aproximação ao Sinai não comprovavam que Nasser estivesse para nos atacar.
Temos de ser honestos connosco próprios: Nós é que decidimos atacá-lo.
In: “The Fateful Triangle” de Noam Chomsky.
A Guerra de 1967 foi defensiva? (continuação)

“Não julgo que Nasser quizesse a guerra. As duas divisões que ele mandou para o Sinai não teriam sido suficientes para lançar uma ofensiva de guerra. Ele sabia-o e nós também.”
Yitzhak Rabin, Chefe do Estado Maior Israelita em 1967, in Le Monde 28 de Fevereiro de 1968.
Declarações póstumas de Moshe Dayan a respeito dos Montes Golan

“Moshe Dayan o celebrado comandante que em 1967, como ministro da Defesa, deu ordens para conquistar o Golan disse que muitas das escaramuças com os Sírios foram deliberadamente provocadas por Israel, e que os residentes do Kibbutz que fizeram pressão sobre o governo para tomar os montes Golan fizeram-no menos por segurança do que para conquistar terra arável, e acrescentou: Nem sequer tentaram esconder a sua avidez pela terra… estávamos prontos para fazer avançar um tractor para lavrar um bocado de terra qualquer na zona desmilitarizada, ainda que nela nada se pudesse cultivar, e tínhamos de antemão a certeza de que os Sírios começariam logo a disparar. Se o não fizessem mandávamos o tractor continuar a avançar, até que fosse inevitável que eles o fizessem.
A seguir a isso começaríamos com a artilharia, depois com a força aérea, e pronto, foi o que se passou. Ao fim de quatro dias os Sírios tinham cessado de ser uma ameaça para nós…”
In: “The New York Times”, 11 de Maio de 1997.
A história do expansionismo Israelita

A aceitação da “partilha” não nos compromete a renunciar à Transjordânia (Parte oeste da Jordânia que se estende ao longo da margem esquerda do rio Jordão); Ninguém pode pedir a alguém que renuncie aos seus intentos. Aceitamos um estado cujas fronteiras sejam fixadas num dado momento. Mas as fronteiras das aspirações sionistas são da responsabilidade do povo judeu e nenhum factor externo poderá limitá-la”.
Afirmação de David Bem-Gurion de 1936, citado por Noam Chomsky na sua obra “The fateful Triangle”.
“O principal perigo que Israel, como estado judaico, coloca ao seu povo, aos outros judeus e aos seus vizinhos é a procura ideologicamente motivada de expansão teritorial e a inevitável série de guerras resultante desse objectivo…”
Nenhum político sionista repudiou alguma vez a ideia de Bem-Gurion de que as políticas do estado Israelita devem ser baseadas (dentro dos limites das considerações práticas) na reconstituição das fronteiras bíblicas do estado judaico…”
Declaração do professor israelita Israel Shahak, in “Jewish History, Jewish Religion: The Weight of 3000 Years”.
Expansão

Nos diários pessoais do primeiro ministro Israelita Moshe Sharatt há um excerto de Maio de 1955 no qual ele cita Moshe Dayan: Israel deve tomar as armas como meio principal, senão o único, para manter o seu moral alto e a prontidão das suas disposições. Para concretizar isso não só pode, como deve inventar perigos e, para fazê-lo, deve adoptar o método da provocação-vingança… E acima de tudo – tenhamos esperança numa nova guerra com os países árabes, de modo a podermos ver-nos livres dos nossos problemas e conquistar mais espaço…”
Citação feita por Livia Rokach, in: “”Israel’s Sacred Terrorism”.
E a terra ocupada aos árabes, não era necessária à segurança de Israel?

“..O senador J. William Fulbright propôs em 1970 que a América devia assinar formalmente um tratado que garantisse a segurança de Israel, recorrendo à intervenção armada se necessário. Em contrapartida Israel retirar-se-ia para as suas fronteiras de 1967. O Conselho de Segurança das Nações Unidas asseguraria este acordo, convencendo nesse sentido a União Soviética – na altura fornecedora de apoio político e de armas aos países árabes. Na altura em que as tropas Israelitas se retirassem dos Montes Golan, da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, seriam substituídas por forças de manutenção da paz da ONU. Israel garantiria a aceitação de certo número de palestinos e os restantes seriam instalados num estado palestino fora de Israel.

O plano suscitou apoio jornalístico nos Estados Unidos, mas foi frontalmente rejeitado por Israel. “Fulbright ficou muito contrariado, tal como disse o seu biógrafo Randall Woods: Os israelitas nem sequer estavam interessados em actuar na defesa dos seus próprios direitos…”
In: “Issues in the American Council for Judaism”, Allan Brownfield, Outubro de 1997.
(Nota: esta foi apenas uma de muitas propostas então apresentadas para resolução do problema)

O que aconteceu depois do fim da guerra de 1967?
“…Violando a legislação internacional, Israel confiscou 52 por cento da terra da Cisjordânia e 3 por cento da Faixa de Gaza para fins militares ou colonatos civis judaicos. De 1967 a 1982 o governo militar de Israel demoliu 1.338 casas de famílias de palestinos na Cisjordânia. Durante esse período mais de 300.000 palestinos foram detidos por forças de segurança israelitas, sem julgamento, por períodos variáveis de tempo….”
In: “Intifada: The Palestinian Uprising Against Israeli Occupation”, ed. Lockman and Beinin.
Opinião internacional a respeito da legalidade da acção de Israel na Cisjordânia e na Faixa de Gaza
De acordo com a carta das Nações Unidas não são legítimos os ganhos territoriais com base na guerra, mesmo da parte de países agindo em legítima defesa. A resposta de outros estados às ocupações feitas por Israel mostram a opinião unânime de que, mesmo se fosse defensiva a actuação de Israel, a sua retenção da Faixa de Gaza e da Cisjordânia não seria legal. A Assembleia Geral das Nações Unidas caracterizou a ocupação daqueles territórios como uma denegação do direito à autodeterminação e, deste modo, uma “uma ameaça séria e crescente à paz e à segurança internacional…”
In: “Palestine and Israel: A Challenge to Justice” de John Quigley.

Exemplos dos efeitos da ocupação israelita
“…Um estudo dos estudantes da Bethlehem University referido pelo Comité de Coordenação Internacional das ONG’s em Jerusalém mostraram que muitas famílias naqueles territórios passam cinco dias por semana sem água corrente disponível. O relatório indica que “é restringido o uso da água para os palestinos ali residentes enquanto que os colonos judeus dispõem de quantidades de água praticamente ilimitadas…”

“…Uma visita de Verão a um assentamento judaico à beira do deserto da Judeia a menos de 8 km de Belém, confirmou esta iniquidade no uso da água. Enquanto que os árabes residentes em Belém compravam água distribuída por camiões-tanque a preços altamente inflaccionados, os relvados no assentamento estavam verdes, a rega por aspersão estava ligada ao meio dia em pleno sol de Agosto e ruído alegre das crianças nadando em piscinas exteriores acrescentava a essa visão um toque de irrealidade…”.
In: “The Link”, da autoria de Betty Jane Bailey, Dezembro de 1996.
“Deverá ser recordado que noventa por cento das crianças com dois ou mais anos já passaram – algumas de modo frequente – pela experiência de viverem numa casa frequentemente invadida pela tropa israelita, ver parentes seus espancados e pertences seus destruídos. Muitos deles foram espancados, sofreram fracturas, apanharam tiros, sofreram o efeito de gases lacrimogéneos, ou viram vizinhos e parentes seus sofrerem tal tratamento. O lado emocional da criança é afectado pela falta de segurança. A criança necessita de se sentir segura. E as consequências posteriores são observáveis. Nas nossas investigações descobrimos que as crianças que são expostas a traumatismos assumem comportamentos e concepções políticas extremados.. “
Afirmações do Dr. Samir Quota, director de investigações do Programa de Saúde Mental da Comunidade de Gaza, citado no “The Journal of Palestine Studies”, Verão de 1996, pg. 84.
“…Não há coisa que se pareça com aquilo que se sente ao ouvir um palestino de 35 anos que trabalhou 15 anos clandestinamente em Israel para poupar para construir uma casa para a família, tendo regressado a casa um dia descobrindo que a mesma tinha sido arrasada por um buldozer israelita. Quando lhe perguntei porque foi feita tal coisa, de notar que o terreno era propriedade sua, disse-me que um soldado israelita lhe tinha dado um papel no dia seguinte afirmando que a casa tinha sido construída sem licença. Em que outra parte do mundo será exigida uma licença (que sempre lhe fora recusada) para construir em terreno de sua propriedade? Os judeus podem construir, mas os palestinianos nunca. Isto é “apartheid”….”
In: “The Nation”, de Edward Said, 4 de Maio de 1998
Todos os colonatos judaicos nos territórios ocupados pela guerra de 1967 são uma violação directa da Convenção de Genebra, subscrita por Israel
“…A convenção de Genebra exige que as forças ocupantes modifiquem o menos possível a ordem existente nos territórios ocupados, durante a ocupação respectiva. É parte dessa obrigação deixar o território para a população que lá encontrou, não podendo transferir para ali população sua para ocupar o território. Tal proibição encontra-se inscrita no Artigo 49 da Convenção que declara: “A potência ocupante não deportará ou transferirá parte da sua própria população para o território que ocupa…”
In: “Palestine and Israel: A Challenge to Justice”, de John Quigley.

Excertos dos relatórios a respeito da Intifada, do Departamento de Estado dos USA

“A seguir, alguns excertos dos “Relatórios Regionais sobre a Prática dos Direitos Humanos” do Departamento de Estado dos USA, de 1988 a 1991:
1988: “…Muitas mortes e muitos feridos evitáveis foram causados porque os soldados israelitas usaram frequentemente armas de fogo em situações que não representavam perigo mortal para esses soldados. As forças armadas israelitas usaram bastões para quebrar membros e espancar palestinianos que não estavam directamente envolvidos em distúrbios ou resistindo aos aprisionamentos… Foi noticiado que pelo menos treze palestinos morreram de tais espancamentos…”

1989: “…Grupos de defesa dos direitos humanos acusaram seguranças vestidos à civil terem actuado como esquadrões da morte que assassinaram activistas sem culpa formada, depois destes se terem rendido ou depois de se encontrarem subjugados…”

1991: “…o relatório acrescenta que os grupos de defesa dos direitos humanos publicaram “relatórios credíveis e detalhados de sessões de tortura, sevícias sexuais e maus tratos infligidos a prisioneiros palestinianos detidos em prisões ou centros de detenção…”
Afirmações de Paul Findley, ex-congressista dos USA no livro “Deliberate Deceptions”.

Jerusalém – Capital eterna e indivisível de Jerusalém?

“…Na edição de 28 de Fevereiro de 2000 do “The Jerusalém Report”, Leslie Susser fazia notar que as actuais fronteiras foram traçadas depois da guerra dos seis dias. A responsabilidade por esse traçado recaiu sobre o Chefe do Comando Central Rehavan Ze’evi. A linha que o mesmo traçou envolveu não somente os 5 km quadrados de Jerusalém Leste árabe, mas também 65 km quadrados de terrenos abertos circundantes e localidades, muitas das quais jamais tinham tido relacionamento municipal com Jerusalém. Do dia para a noite essa enorme área passou a fazer parte da “capital eterna e indivisível” de Israel…”
In: The Washington Report On Middle East Affairs, Maio de 2000, por Allan Brownfield.

A História do Terrorismo na Região

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Nota do Editor:

Acreditamos que o assassinato de crianças está errado seja em que caso for. Deste modo, não podemos tolerar o uso de terrorismo por extremistas palestinos, especialmente durante os anos 70. Dito isto, contudo, é necessário examinar o contexto no qual estes acontecimentos tiveram lugar.



Ouvimos falar abundantemente do terrorismo palestiniano. O que é que há a respeito dos israelitas?

“…O relatório acerca do terrorismo israelita data das origens do estado respectivo – ou, muito antes, com efeito – incluindo:
- O massacre de 250 civis e a expulsão brutal de setente mil outros de Lydda e Ramle em Julho de 1948;
- O massacre de centenas de outros na indefesa localidade de Doueimah, perto de Hebron em Outubro de 1948;
- As matanças de Quibya, Kafr Kassem e uma lista de outras localidades assassinadas;
- A expulsão de milhares de beduínos das zonas desmilitarizadas pouco depois da guerra de 1948, e de milhares de outros do Nordeste do Sinai no começo dos anos 70, incluindo a destruição das suas localidades, para abrir a região à colonização judaica;
- e uma longa lista de etc….”
In: “Blaming The Victims”, de Noam Chomsky, ed. Said and Hitchens.

“…Por muito que se lamente e até se deseje de certo modo vingar as perdas de vidas e o sofrimento de inocentes devido à acção dos palestinianos, penso que ainda é necessário dizer que nenhum movimento nacional como o deles foi tão injustamente penalizado pelos seus pecados, difamado e sujeito a represálias desproporcionadas.

A política de contra ataques punitivos de Israel (ou terrorismo de estado) parece ser a de tentar matar 50 a 100 árabes por cada baixa israelita. A devastação dos campos de refugiados no Líbano, hospitais, escolas, mesquitas, igrejas e orfanatos; as prisões sumárias, deportações, destruição de habitações, as mutilações, as torturas de palestinos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza… tudo isso e o número de palestinianos mortos, a escala das perdas materiais, as privações físicas, políticas e psicológicas, excederam de forma tremenda o prejuízo causado pelos palestinianos aos israelitas…”
In: “The Question os Palestine” de Edward Said.

O preconceito do Governo dos USA e dos meios de comunicação sobre o terrorismo no Médio Oriente

“…É simplesmente extraordinário e sem precedentes que a história de Israel – levando em conta que se trata de um estado baseado em conquista e invasão de território de países circundantes, bombardeamento e destruição à vontade, e considerando ainda que ocupa actualmente, contra a legislação internacional, territórios que foram parte do Líbano, da Síria e da Palestina – o seu passado nunca é citado, nunca sujeito a apreciação nos meios de comunicação da América do Norte e nunca mencionado nos discursos oficiais… e nunca referido como parte actuante em nenhum processo causador do “terror Islâmico”…”
In: “The Progressive”, de Edward Said, 30 de Maio de 1996.
 

Vozes judaicas que criticam o sionismo

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Albert Einstein:
Penso que seria muito mais razoável a concórdia com os árabes e a coexistência pacifica com eles do que a criação de um estado judaico. Além de considerações de ordem prática, a minha noção da natureza do judaísmo opõe-se à criação de um estado judaico, com fronteiras, exército, e a construção de um poder temporal, mesmo que modesto. Receio os prejuízos interiores que isso vai provocar no judaísmo…”

Erich Fromm
(Sociólogo e filósofo americano de origem alemã (1900 – 1980) considerado como um dos grandes humanistas do sec XX, judeu, notável escritor e pensador) declarou que
“…em legislação geral e internacional mantém-se o princípio de que nenhum cidadão perca a sua propriedade ou os seus direitos de cidadania; e quanto a estes últimos têm os árabes de Israel muito mais legitimidade que os próprios judeus. Porque os árabes fugiram? E desde quando é que isso é punível com confiscação da propriedade, com o impedimento de regressar à terra onde viveram com seus antepassados durante gerações e gerações? Deste modo as pretensões dos judeus à terra de Israel não são legítimas. Se todas as nações reivindicassem subitamente os territórios dos seus antepassados de há dois mil anos, o mundo tornar-se-ia um manicómio… Acredito que, politicamente falando, só há uma solução para Israel, nomeadamente o reconhecimento unilateral da obrigação de um estado para os árabes – não como base para regatear politicamente, mas sim como forma de reconhecimento integral das obrigações morais do estado de Israel para com os anteriores habitantes da Palestina…”

Nathan Chofshi – Somente uma revolução interna pode ter o poder de curar o nosso povo da sua doença assassina de ódio sem causa que está destinado a fazer cair sobre nós uma completa ruína. Só nessa altura os velhos e os novos da nossa terra terão a ideia da magnitude da nossa responsabilidade perante aqueles miseráveis refugiados árabes em cujas cidades estabelecemos colonos judeus que para aqui foram trazidos de muito longe; cujas casas herdámos; cujos campos agora semeamos e colhemos; em cujos pomares, jardins e vinhedos colhemos os respectivos frutos; e em cujas cidades que roubámos construímos casas para a educação, a caridade e a prece, enquanto papagueamos em delírio que somos o “Povo do Livro” e a “luz das nações”…”

Num artigo publicado no “Washington Post” de 3 de Outubro de 1978, o Rabbi Hirsh de Jerusalém, é citado do seguinte modo: “O 12º princípio da nossa fé, acredito, é de que o Messias reunirá os exilados judeus que se encontram dispersos pelas nações deste mundo. O sionismo é diametralmente oposto ao judaísmo. O sionismo pretende definir o povo judeu como entidade nacionalista. Os sionistas dizem, com efeito:
- Olha, Deus, não gostamos do exílio. Traz-nos de regresso, e se não o fizeres, arregaçaremos as mangas e regressaremos por nós mesmos. Isto, prossegue o Rabbi, é uma heresia. O povo judeu está comprometido por juramento divino a não forçar o seu regresso à Terra Santa contra o desejo daqueles que ali residem…”
In: “Bitter Harvest” de Sami Hadawi”

“…Não vale a pena ter um lar judeu na Palestina construído pela força das baionetas e da opressão, como tentativa bem sucedida. Ao contrário valeria bem a pena tentar fazê-lo pacificamente, em cooperação, acordo, educação e boa vontade, ainda que como tentativa falhada…”
Rabbi Judah L. Magnes, primeiro presidente da Universidade Hebraica de Jerusalém, citado em “Like All The Nations”, ed. Brinner Rischin.

Palavras de Martin Buber a respeito do que deveria ser o sionismo

“…O primeiro facto é que quando fizemos a aliança (admito aliás não adequadamente definida) com um estado europeu e lhe proporcionámos o direito de governar a Palestina, nada fizemos para chegar a um acordo com os árabes que ali residiam relativamente às bases e condições para levar a cabo a instalação dos judeus.
Esta abordagem negativa levou os árabes que tomaram conhecimento e se preocupavam com o futuro do seu povo, a encararem-nos cada vez mais como um grupo interessado em viver em colaboração com eles, mas como alguém que aparece sem ser convidado na representação de interesses estranhos (facto que na altura assinalei explicitamente).
Segundo, porque lançámos mão das posições chave da economia do país sem compensar a população árabe, o que que quer dizer que não lhes concedemos uma quota parte quer no capital, quer no trabalho relativo à nossa actividade económica. Pagando aos proprietários mais abastados o preço de terras adquiridas ou pagar rendas aos locatários de outras não é o mesmo que compensar todo o povo de um país. Como consequência, muitos dos árabes mais avisados entenderam o avanço dos assentamentos judaicos como uma espécie de conjura para privar as gerações futuras do seu povo da terra necessária para a sua existência e desenvolvimento. Somente mediante uma política económica vigorosa e abrangente, dirigida à organização e desenvolvimento de interesses comuns teria sido possível contrariar esse ponto de vista e as respectivas consequências. E isso foi o que não fizemos.
Terceiro facto foi que, ao ter-se aproximado o fim do mandato britânico, não só não propusemos à população árabe do país a implantação de uma administração conjunta, como avançámos para a autoridade exclusiva que exigimos para a totalidade do território (o programa Biltmore) como consequência política adequada dos ganhos que já havíamos feito. Com essa medida, fornecemos por nossas próprias mãos aos nossos inimigos do lado árabe, a ajuda e o conforto mais precioso – o apoio da opinião pública – sem o qual o ataque militar que nos foi feito não teria sido possível. Conforme o que agora parece à população árabe a respeito das actividades em que estávamos envolvidos havia anos, comprando terras e desenvolvendo o país, já estávamos a preparar o terreno para lançar mão premeditadamente do controle de todo o país…”
Citação de palavras de Martin Buber, in “A Land of Two Peoples”, ed. Mendes-Flohr

Os novos historiadores de Israel refutam agora os mitos fundadores do estado

“…Desde os anos 80 que os estudiosos de Israel coincidem com os seus congéneres palestinianos de que o sionismo foi levado a cabo exclusivamente numa base de colonialismo puro contra a população local: um misto de expropriação e exploração…

Estavam motivados a apresentar um parecer revisionista ao revelar arquivos secretos de Israel, Grã-Bretanha e Estados Unidos (por exemplo…)

Contestando o mito da aniquilação – O novo quadro historiográfico é um desafio fundamental para a história oficial que afirma que a comunidade judaica enfrentava a ameaça de uma aniquilação nas vésperas da guerra de 1948. Documentos de arquivo revelam um mundo árabe fragmentado pela desespero e pela confusão e por uma comunidade palestiniana sem capacidades militares com as quais pudesse ameaçar Israel.

As responsabilidades de Israel pelos refugiados – A supremacia militar dos judeus traduziu-se pela expulsão em massa de mais de metade da população árabe. As forças israelitas, aparte raras excepções , expulsaram os palestinianos de todas as cidades e vilas que ocupavam. Em certos casos, a expulsão era acompanhada por massacres de civis tal como foi o caso em Lydda, Ramleh, Dawimiyya, Sa’sa, Ein Zietun e noutros lugares. A expulsão foi acompanhada de violações, saques e confiscações de terra e pertences árabes…”

O mito da intransigência árabe – As Nações Unidas patrocinaram uma conferência de paz em Lausanne, na Suiça, na Primavera de 1949. Antes da mesma, A Assembleia Geral adoptou uma resolução que substituía a resolução de “partilha” de Novembro de 1947. Esta nova resolução, a Resolução nº 194 de 11 de Dezembro de 1948 aceitou a proposta de Bernardotte (mediador das Nações Unidas) de uma base triangular para uma paz abrangente: o regresso incondicional de todos os refugiados para suas casas, a internacionalização de Jerusalém, e a repartição da Palestina em dois estados. Nessa altura, vários estados árabes e vários representantes dos palestinianos aceitaram a proposta como base para negociações, tal como os Estados Unidos, que estavam a comandar as operações em Lausanne.
O primeiro ministro de Israel David Ben-Gurion opôs-se fortemente a quaisquer negociações de paz nessa base. A única razão que o trouxera à conferência fora o receio que tinha da reacção americana. Por isso se pode afirmar que não se ter aberto caminho à paz foi devido à posição de Israel e não a qualquer intransigência árabe.

Conclusões

– Os novos historiadores israelitas desejam rectificar aquilo que a sua investigação revela como sendo flagelos do passado. Foi muito caro o preço a pagar pela criação de um estado judaico na Palestina. E houve vítimas cujo sacrifício envolve compromissos que ainda alimentam o conflito que ali se trava.
In: “The Link”, de Ilan Pappe, historiador israelita, Janeiro de 1998.

“Já não é o meu país”

“…Para mim esta empresa chamado o estado de Israel já acabou. Já não suporto mais ver a injustiça que é feita aos árabes, aos beduínos. Todo o tipo de escumalha vinda dos Estados Unidos desembarca dos aviões e passa à ocupação de terras que reivindica como suas. Nada posso fazer contra isso. Só me resta fugir a isto e mandar todos para o inferno sem mim…”
Palavras de Rivka Mitchell, atriz israelita, citadas no jornal israelita do movimento pela paz « The Other Israel » em Agosto de 1998.

O efeito do sionismo nos judeus americanos

“…A corrupção do judaísmo como religião de valores universais através da sua politização pelo sionismo e pela substituição da dedicação a Deus e à lei moral pela dedicação a Israel, foi o que alienou tantos jovens americanos que, em busca de significado espiritual na vida, pouco encontraram na comunidade judaica organizada…”
In: “Issues of the American Council for Judaism”, palavras de Allan Brownfield, Primavera de 1997.

O SIONISMO E O HOLOCAUSTO

...

As decisões das Nações Unidas para fazer a “partilha” da Palestina e depois a de admitir o estado de Israel como seu membro foram tomadas, em parte, como resposta emocional aos horrores do holocausto. Em condições verdadeiramente normais a justa reivindicação da maioria árabe à soberania teria levado a melhor.
Esta reacção de culpa de parte dos aliados ocidentais foi compreensível, mas isso não significa que os palestinianos devessem ter de pagar pelos crimes cometidos por outros – exemplo clássico que dois erros somados não produzem uma decisão certa.O holocausto é frequentemente usado como argumento final a favor do sionismo, mas será tal associação legítima?
Há muitos aspectos a considerar na resposta honesta a essa questão. Primeiro teremos que examinar os arquivos históricos quanto ao papel que os sionistas desempenharam para salvar a comunidade judaica dos nazis.

Shamir propôs uma aliança com os nazis

“… em 1941 o grupo sionista LEHI, e o seu líder Yitzhak Shamir que chegaria mais tarde a ser primeiro ministro de Israel, abordou os nazis em nome da sua organização originária, a IRGUN (NMO) nos seguintes termos:
O estabelecimento do estado histórico dos judeus baseado no totalitarismo e no racismo e ligado ao Reich alemão por um tratado seria no interesse do reforço do futuro das relações de força da nação alemã no Próximo Oriente. O NMO da Palestina propõe tomar parte activa na guerra ao lado da Alemanha…”
Os nazis rejeitaram a proposta de uma aliança porque, de acordo com declarações, consideraram o poder militar da LEHI como insignificante…”

In: The Washington Report On Middle East Affairs, Julho/Agosto 1998, por Allan Brownfield.

Salvar Judeus do holocausto não seria o principal objectivo do sionismo?
“…Em 1938 foi organizada uma conferência de trinta e um países em Evian, França, para a reinserção das vítimas do nazismo. O Organização Mundial Sionista recusou-se a participar, receando que a reinstalação de judeus noutras partes do mundo reduzisse o número de judeus disponíveis para colonizar a Palestina…”
In: “Palestine and Israel: A Challenge to Justice”, de John Quigley.
“…O encontro do executivo da Agência Judaica em 26 de Junho de 1938 concluiu que o mais aconselhável para os sionistas era menosprezar tanto quanto possível a conferência de Évian e procurar que não chegasse a conclusões.
“Estamos especialmente preocupados se organizações judaicas conseguirem reunir grandes somas em dinheiro para ajudar refugiados judeus e que tais importâncias prejudiquem as nossas próprias recolhas de fundos…” Ben-Gurion declarou nesse mesmo encontro: “Nenhuma justificação pode transformar a conferência de modo a fazê-la passar de perigosa a útil. O que podemos fazer é limitar os seus estragos o mais possível…”
In: “Jewish State or Israeli Nation?” de Boas Evron, autor israelita.
“…Ben-Gurion declarou: “…se eu soubesse que era possível salvar todas as crianças da Alemanha transportando-as para a Inglaterra, mas somente metade delas para a Palestina, escolheria a segunda hipótese – porque aquilo que enfrentamos não é apenas o reconhecimento de tais crianças, mas o reconhecimento histórico do povo judeu…”
A seguir aos “progroms” da “Kristallnacht” , Ben-Gurion comentou que “a consciência humana pode levar vários países a abrir as suas portas a refugiados judeus da Alemanha. Ben-Gurion viu isso como um perigo e recomendou: “O sionismo está em perigo”
In: “The Seventh Million” de Tom Segev, historiador israelita.
“…mesmo o simpático biógrafo de Ben-Gurion reconheceu que ele nada fez na prática para o salvamento de judeus, dedicando as suas energias a tarefas relativas ao pós-guerra. Delegou as tarefas de salvamento a Yotzak Gruenbaum que declarou: “Vão dizer que sou anti-semita, que não quero evitar o exílio, que não tenho um “varm yiddish hartz” (um quente coração judeu)… deixá-los dizer o que quiserem! Não vou pedir à Agência Judaica que mobilize 300.000 ou 100.000 libras para ajudar a comunidade judaica da Europa. E penso que quem quer que peça uma tal coisa está a levar a cabo uma acção anti-sionista…”

“…os sionistas da América assumiram a mesma posição. No encontro de Maio de 1943 do “American Emergency Committee for Zionist Affairs”, Nahum Goldmann argumentou: “se se preparar um golpe contra o “Livro Branco” (política britânica de restrição à emigração judaica para a Palestina) as manifestações de massas contra o assassinato de judeus na Europa terão que ser deixadas de lado. Não temos gente disponível para ambas as campanhas…”
In: “The Holocaust in American Life” de Peter Novick
“O movimento sionista interferiu e obstruiu outras organizações judaicas e não-judaicas sempre que imaginasse que as suas actividades políticas ou humanitárias fossem de sentido diverso ou competissem com os objectivos sionistas, mesmo quanto tais actividades fossem favoráveis aos judeus, mesmo quando se apresentassem como questões de vida ou de morte. Beit Zvi documenta a indiferença da liderança dos sionistas quanto ao salvamento de judeus da ameaça nazi, excepto nos casos em que judeus pudessem ser trazidos para a Palestina, por exemplo no caso da disponibilidade do ditador da República Dominicana Rafael Trujillo de receber cem mil refugiados judeus e a sabotagem dessa ideia pelo movimento sionista, como de outras que também houve para localizar judeus no Alaska e nas Filipinas…”

“…A imbecilidade do movimento sionista relativamente à comunidade judaica da Europa não a impediu, mais tarde, de proferir acusações exaltadas contra todo o mundo pela indiferença relativamente à catástrofe judaica ou de efectuar exigências materiais, políticas e morais, a todo o mundo, devido a essa indiferença…”
In: “Israeli State or Israeli Nation”, de Boas Evron, autor israelita.
“…Já aprofundei exaustivamente as razões de estarmos aqui, razões pelas quais eu como pioneiro de 1906 posso afirmar que nada têm a ver com os nazis!... Estamos aqui porque a terra é nossa. E estamos aqui porque a fizemos nossa de novo neste momento e com o trabalho que nela praticámos. O nazismo e o nosso martírio no estrangeiro nada tem a ver directamente com a nossa presença em Israel…”
In: “Memoirs”, de David Ben-Gurion.”
“…Olhando o passado é fácil dizer que os milhões de judeus que foram assassinados pelo holocausto teriam sido poupados se a Palestina estivesse disponível para aceitar uma imigração ilimitada. A história deste período não é simples.
Primeiro, recordemos que outros planos de instalação foram propostos e energicamente recusados pelo movimento sionista.
Segundo, a grande maioria dos judeus europeus não eram sionistas e não tinham tentado emigrar para a Palestina antes de 1939.
Terceiro, depois de a guerra ter começado, à medida que os nazis iam ocupando países, recusaram-se a deixar sair judeus, tornando a emigração virtualmente impossível. E a Palestina, como já mostrámos, já se encontrava ocupada; Os árabes ali residentes tinham razões mais válidas do que qualquer outro país para querer limitar a imigração judaica. Leia-se o seguinte:

Emigração para a Palestina antes da Segunda Guerra Mundial
“…Em 1936 a União Social Democrata (Social Democratic Bund) teve uma vitória acentuada na Polónia, nas eleições para a “Kehilla” (comunidade) judaica. As suas principais palavras de ordem incluíam “uma hostilidade inflexível” ao sionismo, e à promoção da emigração de judeus polacos para a Palestina. A União desejava lutar contra o anti-semitismo na Polónia, permanecendo ali. O objectivo dos sionistas era contrário, por uma questão de princípio, a todos os principais partidos e movimentos da comunidade judaica de antes da guerra de 1939… Nos outros países da Europa de Leste a influência do sionismo era ainda mais fraca…”
In: “The Myth os Rescue”, pelo Prof. William Rubinstein.
“…De facto o sionismo sofreu a sua própria derrota no holocausto, falhando como movimento. Ao fim ao cabo não tinha conseguido convencer a maioria dos judeus a deixar a Europa para se fixarem na Palestina enquanto isso ainda era possível…”
In: “The Seventh Million”, de Tom Segev, historiador israelita.
Emigração durante a 2ª Guerra Mundial
“…quando começou a Guerra o governo nazi decretou a proibição da emigração na Alemanha e em todos os países que foram caindo sob o seu poder. Depois de 1940 tornou-se portanto impossível para os judeus emigrarem da Europa que fora ocupada pelos nazis, para lugares seguros. As portas tinham-se fechado pesadamente: pelos nazis, que não fiquem dúvidas…”
In: “The Myth os Rescue”, pelo Prof. William Rubinstein.

A Palestina também não era porto seguro
“…em Setembro de 1940, os italianos, em guerra com a Grã-Bretanha bombardearam a parte baixa da cidade de Tel-Aviv, com mais de cem vítimas. Como o exército alemão estava a conquistar a Europa e o Norte de África parecia possível que acabaria por fazer o mesmo à Palestina. No Verão de 1940 e na Primavera de 1941, e de novo no Outono de 1942 o perigo parecia eminente. Os yushuv entraram em pânico. Muitas pessoas tentaram escapar-se do país, mas não era fácil. Muitos, não querendo correr certos riscos, traziam consigo cápsulas de cianeto…”
In: “The Seventh Million”, de Tom Segev, historiador israelita.
Em todo o caso a Grã Bretanha não podia ceder a Palestina: ela já estava ocupada!...
“… viemos para este país que já estava povoado por árabes, e estamos a instalar aqui um estado hebreu, quer dizer, um estado judeu. Vilas judaicas foram construídas no lugar de vilas árabes. Não há uma única comunidade no país que não tenha sido anteriormente povoada por árabes…”
Palavras de Moshe Dayan, líder israelita citado por Benjamin Beit-Hallahmi no seu livro “Original Sins”.
“…podemos argumentar pelo direito de uma minoria perseguida a encontrar refúgio noutro país capaz de o receber; é constrangedor, no entanto, argumentar pelo direito de uma minoria pacífica deslocar politica e até fisicamente a população indígena doutro país. Esta contudo era a intenção real do movimento sionista…”
In: “Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict”, de Norman Finkelstein.
O uso do holocausto com fins políticos
“…em 1947 as Nações Unidas nomearam uma comissão especial, a UNSCOP (United Nations Special Committee on Palestine) para tomar decisões a respeito da Palestina. Os seus membros foram solicitados a visitar os campos de sobreviventes do holocausto. Muitos de tais sobreviventes desejavam emigrar para os Estados Unidos, um desejo que minava as pretensões sionistas de que o destino da comunidade judaica da Europa estava ligado ao da comunidade judaica da Palestina. Quando os representantes da UNSCOP chegaram aos campos, não se deram conta de manobras de bastidores que limitavam o seu contacto apenas com candidatos à emigração para a Palestina…”
In: “The Link – January, March, 1998” de Ilan Pappe, historiador Israelita.
“…no interior dos campos de pessoas deslocadas (DP camps), emissários da Yushuv organizavam os programas de actividade, principalmente quanto ao testemunho a ser dado pelos deslocados quanto ao lugar para onde tencionavam ir, quer ao “Anglo-American Committee of Inquiry”, quer à UNSCOP.
Os enviados da Agência Judaica fizeram um relatório para Israel de que tinham tido êxito em impedir testemunhos “indesejáveis” no decurso das entrevistas. Um deles escreveu à sua namorada dizendo “que temos de mudar constantemente o estilo de escrita e de caligrafia de maneira que eles pensem que os questionários foram preenchidos pelos refugiados…”
In: “The Holocaust in Americam Life”, de Peter Novick.
Conselheiro de Roosevelt explica porque razão não foi oferecido direito de asilo nos EUA aos judeus refugiados depois da 2ª Guerra Mundial
“…Que aconteceria se o Canada, a Austrália, a América do Sul, Inglaterra e os Estados Unidos se dispusessem todos a abrir a porta a certa migração? Mesmo agora, em 1947, é minha opinião, e tenho ido à Alemanha desde o fim da guerra, que só uma minoria dos refugiados judeus escolheria a Palestina para viver…”

“…Roosevelt propôs um orçamento mundial para facilitar a emigração de 500.000 derrotados da Europa. Cada nação abriria as suas portas a alguns milhares. Sugeriu-me portanto que durante as minhas viagens por sua conta a Inglaterra durante a guerra fosse sondando por alto e informalmente os lideres de opinião pública, dentro e fora do governo. A resposta foi simples: a Grã-Bretanha fará tal e qual o que fizerem os EUA, pessoa por pessoa, quanto a admissões de gente proveniente da Europa. Parecia pois, que tudo estava combinado. Com o resto do mundo provavelmente na disposição de aceitar 200.000 refugiados, havia fortes razões para que o presidente pressionasse o Congresso para receber pelo menos 150.000 imigrantes, depois da guerra…”

“…livrar-nos-ia da hipocrisia de fecharmos as nossas próprias portas, ao mesmo tempo que fazíamos pias exigências aos árabes. Mas a ideia não funcionou. O falhanço das organizações de liderança judaicas para apoiar de forma zelosa este programa de imigração pode ter estado na origem de o presidente nunca se ter preocupado muito com o cumprimento do mesmo…”

“…Falei com muitos activistas das organizações judaicas. Sugeri o plano e fiquei estupefacto, e até senti como um insulto quando líderes judeus me não ligaram importância, me ridicularizaram e depois me atacaram como se eu fosse um traidor. Penso que sei a razão para a maior parte dessa oposição. Há um interesse profundo, genuíno, fanático e emocional mesmo, em propagandear o movimento sionista. Homens como Ben Hecht estão muito pouco preocupados em evitar que o sangue corra, a menos que seja o seu próprio…”
In: “So Far, So Good”, de Morris Ernst, assessor jurídico e amigo do presidente Roosevelt.
“Vitimologia”
“…os judeus que jogaram a cartada de se armarem em vítimas têm consciência não só da sua eficácia social, mas também da sua utilidade em assegurar a obtenção de solidariedade judaica e, por isso, meios de sobrevivência. Se fossemos odiados para sempre por todos e sendo condenados a ser para sempre odiados por todos, o melhor seria cerrar fileiras e tirar o melhor partido disso. Pessoalmente nunca achei que essa ideia do “gentio” eternamente portador de ódio, tivesse qualquer coisa a ver com a realidade. Parece um mito, puro e simples e por sinal, bem feio…”

“…Será eficaz como meio de controlo social? Talvez, mas com que custos? Aliena a fé e a história de judeus e de gentios de igual maneira, salvo no que toca a alguns meses das suas confrontações mútuas. Atola-se num imaginário sinistro e exalta para todo o sempre um judeu moralmente superior, vitimizado pelo, para todo o sempre, inferior “goy”. Passei a maior parte da minha vida de adulto na companhia de Judeus hassídicos, a maior parte dos quais eram sobreviventes do holocausto, e nunca tive de suportar a infatigável e patética “vitimologia” e a doentia necessidade de memoralizá-la. A “vitimologia” permite aos judeus passar de lado a sua própria fé e oferecer em substituição lealdade nacional ao estado Israel/holocausto…”
Palavras do Rabbi Mayer Schiller, citadas em “Issues of the American Council for Judaism”, Verão de 1998.

Considerações gerais

...

Israel tem procurado a paz com os estados árabes vizinhos mas sempre recusou energicamente negociar directamente com os palestinos. Porquê?
“…Tenham cuidado, amigos! Ao reconhecer o conceito de “Palestina”, estão a deitar por terra o direito de viver em “Ein Hahoresh”. Se isto é a Palestina e não a Terra de Israel, passam a ser conquistadores e não aqueles que cultivam o seu chão. São os seus invasores. Se isto for a Palestina, ela pertence ao seu povo, aos que residiam aqui antes da vossa chegada. Só se for a Terra de Israel terão o direito de viver em Ein Hahoresh e em Deganiyah B. Se não for o vosso país, a vossa pátria mãe, o país dos vossos antepassados e o dos vossos filhos, então o que é que estais aqui a fazer? Viestes para a terra mãe de outro povo, como eles reclamam, e daqui os expulsasteis, apoderando a sua própria terra…”
Palavras de Menahem Begin, citado por Noam Chomsky no seu livro “Peace in the Middle East”

Mais informações de fonte limpa
“… Porque haveriam os árabes de querer a paz? Se eu fosse um líder árabe nunca iria parlamentar com Israel. É óbvio: nós ocupámos a terra deles. É certo que Deus tinha-no-la prometido, mas que significa isso para eles? O nosso Deus não é o deles, nós viemos de Israel, é certo, mas há dois mil anos, e o que significa isso para eles? Houve o anti-semitismo, os nazis, o Hitler, Auschwitz, mas que culpa tiveram eles? Os árabes apenas vêem uma coisa: que viemos para aqui, que roubámos as suas terras. Porque haveriam de aceitar tal coisa?...”
David Ben-Gurion citado por Nathan Goldman, que foi presidente do World Jewish Congress, no seu livro “The Jewish Paradox”
“...Ante os próprios olhos dos Palestinos encontramo-nos de posse das terras e das localidades onde viveram eles e os seus antepassados. Nós somos a geração de colonizadores, e sem colocarmos o capacete de aço e sem levarmos uma metralhadora debaixo do braço não conseguimos plantar uma árvore ou construir uma casa...”
Moshe Dayan, líder israelita, citado por Benjamin Beit-Hallahmi no seu livro: “Original Sins: Reflections on the History of Zionism and Israel”
“...Os árabes irão ser o nosso problema por muito tempo, disse Weizmann. Não vai ser um problema simples. Um dia eles vão ter de sair daqui e deixar-nos o seu país. Eles estão na proporção de dez árabes para um judeu, mas nós, judeus, não teremos dez vezes mais inteligência do que eles?...”
Palavras do líder sionista Chaim Weizmann proferidas na Conferência de Paz de Paris, em 1919, citadas por Ella Winter no seu livro “And Not To Yield”.
O consenso internacional a respeito de Israel (uma pequena amostra muito representativa)
“...no começo dos anos 50 os estados árabes queixavam-se frequentemente das represálias de que eram vítimas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, que rejeitava sistematicamente as reivindicações de Israel à auto-defesa...”

“...Em Junho de 1982 Israel invadiu mais uma vez o Líbano, e usou bombardeamentos para destruir inteiramente campos de refugiados árabes palestinos. Por este processo Israel matou 20.000 pessoas, civis na sua maior parte... enunciando motivos de auto-defesa para a sua invasão, mas a inexistência de ataques efectuados pela OLP a Israel durante o ano anterior tornou duvidoso esse argumento. O Conselho de Segurança da ONU ordenou que Israel retirasse imediata e incondicionalmente todas as suas forças militares das fronteiras internacionalmente reconhecidas do Líbano...”

“...A Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas, com base na disposição de que certas violações das leis humanitárias são “infracções graves” que merecem punição criminal para os seus autores, identificou um número de práticas israelitas durante o levantamento (a “intifada”) que considerou “crimes de guerra”. Nomeadamente torturas físicas e psicológicas infligidas a prisioneiros palestinianos, sujeitos a tratamento impróprio e desumano; a imposição de “punições colectivas” a cidades, vilas e campos de refugiados palestinos; a detenção administrativa de milhares de palestinianos; a expulsão de cidadãos palestinos; a confiscação de seus bens e a invasão e demolição de casas de palestinianos...”
In: “Palestine and Israel: A Challenge to Justice”, de John Quigley.
Desde 1970 até 1999 o Supremo Tribunal Israelita decidiu a proibição da tortura durante interrogatórios (teoricamente). Entretanto centenas de milhar de palestinos são sujeitos a tratamento desumano nas prisões de Israel.

“...As duas principais entidades, ou agências, encarregadas de fazer interrogatórios nos “territórios ocupados” usam sistematicamente processos de maus tratos e de tortura, considerando a definição que é internacionalmente dada a esses termos. Os métodos usados em quase todos os interrogatórios são a privação prolongada do sono, a privação da vista pela aplicação de vendas ou carapuços muito apertados, manutenção dos prisioneiros em posições forçadas que causam dores progressivamente violentas; tratamento verbal violento e insultuoso...”

“...Estes métodos são quase sempre acompanhados com alguns das seguintes ofensas: aprisionamento em locais pequeníssimos, tipo armário, exposição a temperaturas muito elevadas, tal como inversamente em salas enregeladas; privação de acesso a actos fisiológicos e higiénicos; tratamentos degradantes; os espancamentos são muito mais frequentes nos interrogatórios feitos pelas forças armadas do que pelos GSS (serviços de segurança) israelitas. Dezasseis de dezanove prisioneiros que entrevistámos (entre 1992 e 1994) disseram-nos que tinham sido agredidos durante os interrogatórios . Levaram socos e pontapés na garganta, testículos e no estômago. Alguns foram sujeitos a choques eléctricos e foram atirados de cabeça de encontro às paredes...”

“...Os interrogatórios israelitas usam sistematicamente métodos combinados, durante largos períodos de tempo.Deste modo, um prisioneiro detido pelo GSS (General Security Service) pode passar semanas durante as quais, excepto por breves intervalos, é transferido alternadamente de uma cadeira diminuta à qual é acorrentado dolorosamente para um cubículo asfixiante onde mal se pode mover, para depois ser interrogado à medida que é espancado e maltratado, passando de novo para a situação da cadeira, e assim sucessivamente!...”

“...O uso combinado, intenso e prolongado deste conjunto de processos provoca um sofrimento mental e físico que corresponde às definições internacionais de tortura. Os governantes israelitas não podem invocar desconhecimento de que tais maus tratos são a norma nos seus centros de interrogatórios. O número de vítimas é demasiado numeroso e os abusos sistemáticos...”
Relatório de 1994 da Human Rights Watch, “Torture and Ill-Treatment: Israel’s Interrogation of Palestinians from the Occupied Territories.”

“... A Amnistia Internacional também observou que, quando levados a tribunal, a maior parte dos reclusos palestinianos presos por “crimes terroristas” e torturados pelo Shin Bet (GSS) eram acusados de “pertencer a associções ilegais” e por terem “atirado pedras”. Também havia cativos por delitos de consciência ou por terem unicamente empunhado uma bandeira. Numa certa altura o editorialista B. Michael do Ha’aretz referiu que não havia um único caso de torturas do Shin Bet que se tivessem aplicado a alguém que tenha procurado colocar bombas, ou algo assim. Em todos os casos em que os palestinianos fizeram queixas de tortura, o Shin Bet justificou-se com a necessidade de extorquir confissões acerca de algo que já havia sucedido e nunca a respeito que estava ainda por acontecer...”
In: “The Rise and Fall of Palestine”, de Norman Finkelstein.
A Comissão das Nações Unidas Contra a Tortura de 1997 toma decisões contra Israel
“…B’Tselem calcula que os GSS interroga anualmente entre 1.000 a 1.500 Palestinianos (calculo efectuado em 1998). Oitenta e cinco por cento dos quais – pelo menos 850 pessoas por ano – são torturdas durante tais interrogatórios...”

“…A Comissão das Nações Unidas Contra a Tortura chegou a uma conclusão inequívoca: Os métodos de interrogatório usados nas prisões de Israel constituem violação do artigo 16, além de constituirem actos de tortura conforme o artigo 1 da Convenção. Como Estado Membro da Convenção Contra a Tortura, Israel está impedido de apresentar requisitos especiais a esta Comissão. A proibição da tortura é absoluta e não há requisitos especiais que justifiquem excepções ou derrogações a seu respeito….”
In: “Relatório de 1998 da B’Teslem, The Israeli Information Center for Human Rights in the Occupied Territories, “Routine Torture: Interrogation Methods of the General Security Service.”
Argumentos usados para justificar o sionismo
“…Não há claramente necessidade de justificar o sonho sionista, o desejo de alívio para o sofrimento dos judeus…

O problema do sionismo aparece no momento em que ele desembarca, por assim dizer, na Palestina. O que tem de ser justificado é a injustiça para com os palestinos causada pelo sionismo, a espoliação e a vitimização de todo um povo. Há aqui qualquer coisa que soa a falso, um erro que cria a necessidade de justificações…”

“…Por exemplo, a reivindicação do legado ancestral… O objectivo do sionismo é a restauração de uma soberania judaica com estatuto equivalente ao de há 2.000 anos. Contudo o sionismo não propõe que se estabeleça o mesmo tipo de atitude para com todas as situações vividas no mundo. Não propõe por exemplo que se restaure a totalidade do Império Romano!... Além disso, os palestinos já reivindicaram ser descendentes dos residentes na Palestina de há 3.000 anos!...”

“…o sofrimento dos judeus como justificação: …Era fácil fazer os palestinos pagar por 2.000 anos de perseguições. Os palestinos, que têm sofrido o peso enorme dessa vingança, não foram os opressores históricos dos judeus: não foram eles que os encurralaram em ghettos e que os obrigaram a usar estrelas amarelas cosidas na roupa; não planificaram holocaustos! Tinham o simples defeito de ser fracos e indefesos perante forças organizadas militarmente, sendo por isso vítimas ideais para uma vingança abstracta…”

”…o anti-semitismo como justificação: …ao contrário da situação dos judeus perseguidos por serem judeus, os israelitas estão em guerra com os árabes porque cometeram o pecado do colonialismo, não por terem identidade judaica…”

“…a justificação da “lei da selva”: …configurar o mundo como naturalmente injusto, e tomar a opressão como processo natural foi sempre o solução adoptada por aqueles que querem manter os seus privilégios. A necessidade de justificar o sionismo, e a falta de outras defesas, fez com que essa concepção passasse a fazer parte da visão israelita do mundo; O cinismo em Israel tornou-se um recurso usual, característica que notabilizou os seus naturais…”

“…efeitos sobre os israelitas:
…os israelitas parecem estar atormentados pela maldição dum pecado original cometido contra os nativos do país, os árabes. Como poderá ser discutido o problema israelita sem abordar a usurpação da terra e a expulsão dos não-judeus? Este é o facto mais básico a respeito de Israel, e nenhuma compreensão da sua realidade permite ignorá-lo. O “pecado original” atormenta e aflige os israelitas; marca tudo e mancha toda a gente. A sua memória envenena o sangue e marca cada momento da existência…”
In: “Original Sins: Reflections on the History of Zionism and Israel.”, de Benjamin Beit-Hallahmi, autor israelita.

O “direito histórico” do sionismo à Palestina

“…o direito histórico do sionismo à Palestina não era histórico nem era… direito. Não era histórico na medida em que não cobre um vácuo de dois mil anos de ausência de povoamento judeu na Palestina, e não considera os mesmos dois mil anos de permanência noutros lugares. Não era direito, excepto no conceito místico-romântico de “terra e sangue “, e nos cultos ainda românticos da morte, dos heróis e dos túmulos…”

“…a pretensão do judeu sem eira nem beira radica num aglomerado de suposições que tanto negam a ideia liberal de cidadania como reproduzem a concepção anti-semita de que o estado pertence à maioria étnica que pertence à nação. Numa palavra, a causa sionista para um estado judaico é tão válida como a causa anti-semita para um estado étnico que marginalizasse os judeus…”
In: “Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict”, pelo Professor Norman Finkelstein

Que tal o argumento sionista de que a Jordânia já é o Estado Palestino?

“… é frequentemente pretendido que havia, de facto, um “compromisso territorial” anterior, nomeadamente de 1922, quando a Transjordânia foi excluída como “terra prometida para a pátria do povo judeu”… decisão que é difícil criticar à luz do facto de que “o número de judeus que ali viviam a título permanente em 1921 era constituído por um número avaliado em duas ou, a acreditar em certas autoridades, três pessoas…”
In: “The Fatefull Triangle”, de Noam Chomsky

Porque será que Israel “a única democracia do Médio Oriente” não têm constituição?

“… a omissão em redigir uma constituição não foi um acaso. A expropriação maciça de terra e de outros pertences aos árabes que fugiram do território como consequência da guerra da independência, e daqueles que ficaram mas foram considerados ausentes, bem como a confiscação de largas porções de terra das localidades árabes dais quais não houve fuga de habitantes, tendo havido leis que legalizaram tais actos – todo esse tipo de medidas estaria condenado a ser declarado inconstitucional, nulo e de nenhum efeito pelo Supremo Tribunal, por ser expressamente discriminatório contra uma parte dos cidadãos, dado que qualquer constituição democrática se vê obrigada a tratar de igual modo todos eles…”
In: “Jewish State or Israeli Nation?” de Boas Evron.

“A única democracia no Próximo Oriente”? – continuação

“…a decisão do Supremo Tribunal israelita de 1989 de que qualquer partido político que defenda inteira igualdade entre árabes e judeus pode ser impedido a apresentar candidatos a eleições significa que o estado israelita é o estado dos judeus, não o estado dos árabes…”
In: “Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict.” do Professor Norman Finkelstein.
 

Fundamentalismo Judeu em Israel

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O sector fundamentalista da religião judaica, embora seguramente não representativa do judaísmo em geral, é influente em Israel, e é a base ideológica do movimento dos colonatos em Gaza e na Cisjordânia (excepto no que diz respeito à “grande Jerusalém” para onde se mudaram muitos judeus laicos, em busca de casas baratas subsidiadas pelo estado israelita).
As citações que seguem mostram o racismo inerente a esta visão do mundo e de como a sua influência deveria ser rejeitada por toda e qualquer pessoa sensata.

Ideologia básica do racismo em Israel

“…Diz o Talmud:
“…existem dois géneros diferentes e contrários de almas, a não-judaica é oriunda das esferas Satânicas, e a alma judaica é um fruto da santidade… O Rabbi Kook, o antigo, reverendo pai da tendência messiânica do fundamentalismo judaico disse:
- A diferença entre a alma judaica e a alma não-judaica é maior e mais profunda do que a diferença entre a alma humana e a alma de qualquer animal…”
in: “Jewish Fundamentalism in Israel”, de Israel Shahak and Norton Mezvinsky.

Racismo – continuação
“…Os Rabbis do Gush Emunim (Movimento messiânico nacionalista e expansionista que se mobiliza pela colonização do “grande Israel”) reiteraram continuadamente que os judeus que matassem árabes não deveriam ser punidos, (por exemplo) …com base no código de Maimonides e da Halacha (conjunto de regras de vida do judaísmo), o Rabbi Ariel declarou:
- Um judeu que matou um não judeu está liberto do juízo dos homens e não violou a proibição religiosa do assassinato…”
O significado desta declaração aqui é particularmente impressionante, se considerarmos o forte apoio tanto directo como indirecto, de que goza o movimento Gush Emunim, que atinge cerca de metade da população judaica de Israel.
in: “Jewish Fundamentalism in Israel”, de Israel Shahak and Norton Mezvinsky.
Razões fundamentalistas para apreensão de terras aos árabes

“…eles argumentam que aquilo que parece uma confiscação de terras propriedade de árabes, para nelas depois se instalarem judeus, não é de facto uma acção de roubo mas sim um acto de santificação. Do seu ponto de vista a terra está sendo redimida, porque está a ser transferida da esfera do satânico para a esfera do divino… Para acelerar este processo o uso da força é permitido, caso se torne necessário… Halacha permite aos judeus roubar aos não-judeus naqueles locais onde os judeus são mais fortes que os não judeus…”
in: “Jewish Fundamentalism in Israel”, de Israel Shahak and Norton Mezvinsky.

Intifada 2000 e o “Processo de Paz”

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Os falhanços do Acordo de Oslo

“…Os Estados Unidos foram um péssimo patrocinador do processo de paz. Cederam perante todas as pressões de Israel, abandonando o princípio de “terra por paz” (nenhuma das resoluções das Nações Unidas fala em restituir a mais pequena parcela de terra, por compensação de todo o território de que Israel se apoderou em 1967), empurrando a desvitalizada autoridade palestiniana para um abismo autêntico face às grotescas propostas de Netanyahu…”

“…O facto é que os Palestinos se encontram numa situação muitíssimo pior do que antes de começarem as negociações de Oslo. O rendimento anual médio é agora menos de metade do que era em 1992; não lhes é permitido viajar nem deslocarem-se dentro do seu próprio país; mais terra lhes foi tomada do que fora no passado; há mais colonatos judeus implantados no seu território e Jerusalém está praticamente perdida…”

“…Cada casa demolida, cada expropriação, cada aprisionamento seguido de tortura, todas as barricadas, cada "encerramento" (Vide, mais abaixo, o significado específico do termo "encerramento"), todo e qualquer gesto de arrogância e de humilhação deliberada faz simplesmente reviver o passado e instaura de novo as ofensas de Israel contra o espírito, a terra e o corpo político dos palestinos. Falar de paz num contexto tal é tentar reconciliar o irreconciliável…”
In: “The Progressive”, Março de 1998, de Edward Said.

As raízes da “Intifada 2000”

“…A explosão da ira dos palestinos a 29 de Setembro do ano 2000 pôs fim à fantochada que tinha começado em Oslo 7 anos antes, e que tinha o rótulo de “processo de paz”.

Em 1993, os palestinos tal como milhões de pessoas em todo o mundo tinham sido levados a pensar que Israel iria retirar-se da Cisjordânia e da Faixa de Gaza
“…devido à desigualdade das forças em presença, as negociações não conduziram a lado nenhum e a esperança dos palestinos nunca foram satisfeitas. Os israelitas, independentemente do governo que estivesse no poder, fazia meros jogos de palavras, dava o dito por não dito e recusava aplicar as resoluções já acordadas.
Entretanto sucessivos governos iam demolindo casas de palestinos, iam tomando posse de terrenos árabes nos arredores de Jerusalém Leste, e expropriando terra palestina para instalar mais colonatos.
Uma impressionante rede de auto-estradas foi construída a partir de 1993 confiscando, retalhando e deixando isoladas grandes áreas e localidades situadas em terra palestina e estas de Jerusalém, forçando as populações palestinas a terem que se deslocar através de distanciados postos de controlo unicamente para chegar a uma localidade que ficava ali mesmo ao lado!...”
(N.T.: o uso de tais auto-estradas é para uso exclusivo de israelitas e está interdito aos palestinos, em cujo território se situam!...)

“…De acordo com o presidente Clinton e a maior parte dos meios de comunicação, o primeiro ministro Ehud Barak concedeu em Camp David tudo aquilo que desejavam os palestinos, e Yasser Arafat jogou fora a possibilidade de paz rejeitando a oferta de Barak.

De facto, Arafat, nada podia ter aceitado.
Barack, com o apoio de Clinton desejava manter o controlo da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, incluindo o espaço aéreo e as fronteiras, e insistindo na garantia de que Israel devia reter a permanente soberania sobre a quase totalidade de Jerusalém Leste, incluindo Haram Al-Sharif. Era um acordo que nenhum árabe poderia jamais aceitar.

“...À medida que aumentavam os protestos, helicópteros israelitas bombardeavam com rockets zonas habitadas de várias cidades palestinas, destruindo blocos habitacionais inteiros e causando larga quantidade de vítimas.

Tanques Israelitas cercavam cidades palestinas com os seus canhões apontados às áreas habitadas.
Civis israelitas armados actuavam dentro da “linha verde” (fronteiras de 1967) causaram distúrbios e fizeram agressões, destruindo haveres de árabes aos gritos de “morte aos árabes”… A polícia israelita, tão rápida no gatilho contra as crianças palestinas que atiravam pedras nada fizeram para conter esses actos, tendo feito fogo sobre árabes que tentavam defender as suas casas. Dois árabes foram mortos…”
“…O levantamento foi, sem dúvida nenhuma, alimentado pelos ressentimentos causados por anos de afrontas e abusos permanentes sob ocupação israelita. No dia 6 de Setembro, um grupo de polícias israelitas de fronreira mandou parar três trabalhadores palestinos quando estes regressavam a casa do seu trabalho em Israel e, sem razão alguma, sujeitaram-nos a 40 minutos de torturas.

O “San Francisco Chronicle” noticiou que no dia 19 de Setembro que os polícias socaram os três homens, bateram com as suas cabeças de encontro à parede, forçaram-nos a engolir o próprio sangue, tendo proferido insultos a respeito de suas mães e irmãs.
O incidente apenas se tornou conhecido porque os polícias tiraram fotografias deles próprios e de suas vítimas, segurando-os pelos cabelos, como que erguendo suas cabeças como troféus de caça. Colaboradores de instituições judaicas de direitos humanos afirmaram que tais espancamentos são coisa frequente, mas raramente são noticiados…”In: “The Peace Process Ends in Protests and Blood”, por Rachelle Marshall, Washington Report on Middle East Affairs, December 2000.


“Israel falhou o test”

“...No acordo de Oslo, Israel e o Ocidente puseram a liderança palestina à prova: em troca de uma promessa israelita de desmantelamento gradual dos mecanismos de ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, as autoridades palestinas prometia cessar todo os actos de violência e de terror imediatamente. Para esse efeito foi criado todo um dispositivo de coordenação de segurança, foi construído um número crescente de prisões para palestinos, e os manifestantes foram impedidos de se aproximar dos colonatos judios.

“…Os dois lados concordaram num período de cinco anos para a concretização de um novo ordenamento e na negociação de um acordo final. A autoridade palestina foi aceitando sucessivas dilações do período experimental… Do seu ponto de vista, Israel também estava a ser posto à prova: estaria Israel disposto a abandonar a sua atitude de superioridade e domínio, concebido para manter o povo da Palestina sob o seu poderio?

“…Mais de sete anos passaram e Israel mantém controlo administrativo e de segurança de 61,2% da Cisjordânia e cerca de 20% da Faixa de Gaza, e controlo de segurança de outros 26,8% da Cisjordânia.

Foi este controlo que permitiu a Israel duplicar em dez anos o número de colonatos judaicos naquela região, constranger e fraccionar uma nação em áreas incomunicáveis entre si, retalhada por estradas nas quais apenas podem circular judeus!...”
“…Israel falhou o test. O controlo palestino de 12% da Faixa de Gaza não significa que Israel tenha desistido da sua atitude de superioridade e domínio… O banho de sangue que tem estado a suceder nestas últimas três semanas é a consequência de sete anos de mentiras e trapaças de Israel…”
in: “Israel Has Failed The Test,”, pelo jornalista israelita Amira Hass, publicado no Ha’aretz de 18 de Outubro de 2000.
Relatório elementar dos factos efectuado por Jimmy Carter – Novembro de 2000

“...Há uma razão subjacente ao falhanço de anos e anos de diplomacia dos Estados Unidos e na violência que persiste no Médio Oriente: os dirigentes israelitas continuam a “produzir ocasiões” ao construir colonatos em territórios ocupados…”

“…Em Camp David em Setembro de 1978… as cláusulas bilaterais conduziram à redacção de um tratado geral e permanente entre o Egipto e Israel, tornado possível no último instante pela aceitação de Israel de retirar os seus colonos do Sinai. Decisões nesse mesmo sentido relativas à Cisjordânia e à Faixa de Gaza não foram honradas, o que conduziu a confrontações e a violência..

“…Relativamente à Resolução nº 242 das Nações Unidas o compromisso legal do nosso governo para apoiar esta equilibrada resolução não se modificou… Evidentemente que os colonatos de Israel nos territórios ocupados eram uma violação directa deste acordo e, de acordo com a posição americana já tomada muito anteriormente, eram simultaneamente “ilegais e um obstáculo para a paz”.

De acordo com isso o primeiro ministro Menahem Begin prometeu que não tornaria a haver instalação de novos colonatos até que as negociações de paz estivessem concluídas. Mais tarde, sob a pressão do partido Likud declinou honrar esse compromisso…”

“…É improvável que um progresso real possa ser feito… enquanto Israel insistir na sua política de assentamento de colonatos, ilegal perante a legislação internacional que é apoiada pelos Estados Unidos e por outras nações.

“…Existem muitas questões pendentes à medida que continuamos a procurar um fim para a violência no Próximo Oriente, mas não há forma de contornar o problema central: Terra ou Paz?...”

Declarações do ex-presidente dos Estados Unidos da América ao “The Washington Post” de 26 de Novembro de 2000.


Oslo e a Intifada – continuação

“…Depois de três semanas de guerra virtual nos territórios ocupados por Israel, o primeiro ministro Ehud Barak anunciou um novo plano para determinar o estatuto final da região. Durante estas semanas mais de 100 palestinos foram mortos, incluindo 30 crianças, essencialmente devido “ao uso excessivo de processos letais em casos que não era posta em causa a vida ou de sério risco para as forças de segurança ou de quaisquer outras pessoas, tendo resultado desse uso matança ilegal de pessoas…”
Relatório detalhado da Amnistia Internacional que apenas foi sumariamente referido nos Estados Unidos.
“…O plano de Barak garante que a terra arável e outros recursos (principalmente água) ficará principalmente nas mãos de israelitas enquanto que a população é administrada por uma autoridade palestina corrupta e brutal, que representa o papel atribuído aos colaboradores indígenas nas situações típicas de administração colonial: os responsáveis negros dos Bantustões da África do Sul, para recorrer a uma analogia francamente óbvia…”

“…É necessário lembrar que estas políticas não foram apenas propostas, mas postas em prática, com o apoio dos Estados Unidos da América.

Esse apoio foi decisivo desde 1971, quando Washington abandonou o enquadramento diplomático básico que tinha iniciado (Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas). Prosseguindo depois nos anos seguintes com a rejeição dos direitos dos palestinos, o que culminou com o “processo de Oslo”.
Uma vez que todos estes factos foram de facto “apagados” da história dos Estados Unidos, é difícil analisar os factos essenciais. Não é que sejam postos em dúvida, são apenas “omitidos”.Noam Chomsky, “Al-Aqsa Intifada”, October 2000.

Os Estados Unidos da América – um mediador imparcial?

“…A credibilidade da América, como mediadora, fora posta em dúvida de há muito, pelos palestinos, e com razão. “Os palestinos sempre se queixam de que nós conhecemos os detalhes de cada proposta dos americanos antes deles a apresentarem…” dizia recentemente ao “The Independent” uma fonte governamental israelita.

“E há uma boa razão para isso: somos nós próprios que as redigimos”.
Phil Reeves ao jornal britânico “The Independent” de 9 de Outubro de 2000.

Os meios de comunicação dos Estados Unidos, estritamente controlados, relatam (alguns) factos mas não dizem a verdade

“…Os jornalistas americanos raramente exploram as razões mais profundas que fazem crer que os Estados Unidos são um dos elos da cadeia da violência, tão frequentemente condenada.

Na primeira metade de Outubro, nem sequer havia nos meios de comunicação análise que se visse do facto de que uma esmagadora violência se abatia nessa altura sobre o povo da Palestina.
“…No período de alguns dias, várias dúzias de palestinos foram mortos por militares uniformizados e fortemente armados – geralmente descritos pela CNN e por outras vozes como “forças de segurança israelitas”. Vistos os factos, era uma terminologia muito benevolente para designar um exército que atira para matar sobre manifestantes…”

“…No que toca aos palestinos que atiravam pedras, nunca vi um único relato noticioso de fonte americana descrevendo-os como “manifestantes pró-democráticos”. Essa seria contudo uma forma apropriada para designar pessoas que – depois de terem vivido mais de trinta anos sob ocupação – saem para a rua exigindo auto-determinação…”
“… Enquanto que os soldados e a polícia Israelita, com o seu impressionante poder de fogo se encarregavam da maior parte da matança… os noticiários americanos preferiam salientar os ardilosos “ultimatuns” lançados pelo primeiro ministro Ehud Barak para que os palestinos “acabassem com a violência” – enquanto a tropa armada sob as suas próprias ordens continuava a abatê-los a tiro…”

“…Tal como certo número de outros judeus americanos, estou escandalizado com a forma como Israel usa o dinheiro dos contribuintes americanos. Enquanto a classe jornalística faz que anda mas não anda, eles tratam de vilipendiar a humanidade que há em todos nós…”
Norman Solomon, “Media Spin Remains In Sync With Israeli Occupation,” from FAIR’s Media Beat, October 14, 2000.


Intifada 2000 – uma visão global


“…Numa análise final existe somente uma forma de acabar a violência, e será pura e simplesmente acabar com a ocupação. O desejo de libertação acabará sempre, ao fim ao resto, por trazer para a rua um povo de pedras na mão, pronto para enfrentar o mais poderoso dos exércitos, preferindo a morte a viver algemado. E não se tratará de extremismo, racismo ou fervor religioso. É apenas o desejo de liberdade…”
“…A ocupação é uma realidade de violência interminável. Significa viver cercado pela força abusiva dum exército estrangeiro que impõe um regime social impossível de diferenciar do apartheid: confiscação de terras que é distribuída por centenas de milhares de colonos judeus, instalados em comunidades que lhe são exclusivamente destinadas, ligadas entre si por estradas onde apenas os judeus podem circular; casas demolidas; tortura; cidades tornadas incomunicáveis entre si permanentemente!...

É como viver numa imensa prisão!...”
“…Desde 1967 apenas existiu uma possibilidade válida de resolver o conflito. O plano está articulado na Resolução nº 242 das Nações Unidas, que concebe uma solução bipartida de “terra por paz”.

A primeira parte determina que Israel deve sair dos territórios ocupados em 1967. A segunda solicita a todos os estados da região que vivam em paz e segurança dentro de tais fronteiras. A obrigação israelita de efectuar a retirada acordada está inteiramente por cumprir…”
Palavras de Hussein Ibish, director de comunicações do Comité Americano-Arabe de Anti-Discriminação, ao “Los Angeles Times” de 18 de Outubro de 2000.

Madeleine Albright coloca tudo em pratos limpos

“…Com o seu ar inexpressivo, maquinal e o olhar parado, Madeleine Albright repetiu:

“Aqueles palestinos atiradores de pedras sitiaram Israel”, acrescentando que o exército Israelita ficou na defensiva…
  • Israel é, contudo a força beligerante de ocupação (e de modo nenhum o inverso);
    Os tanques e carros blindados israelitas cercam cidades e aldeias e campos palestinos (e de modo nenhum o inverso) ;
  • Helicópteros Apache israelitas de assalto fabricados nos Estados Unidos disparam todas as suas armas sobre manifestantes palestinos e sobre suas casas (e de modo nenhum o contrário);
  • É Israel que confisca terra palestina e importa colonos judeus para instalar colonatos militarizados no coração do território palestino (e de modo nenhum o inverso);
  • Os colonos instalados por vias de saque e Israelitas aterrorizando palestinos em suas casas (e de modo nenhum o contrário);
  • Israel comete atrocidades contra os palestinos com total impunidade, e vós continuais a clamar: Israel está cercado!...”
Madeleine Albright citada por Hanan Ashrawi no “The Progressive”, Dezembro de 2000.

O que foi oferecido a Arafat

“…Na cobertura americana dos recentes encontros de Camp David, a imprensa americana seguiu obedientemente as posições de Israel e do governo dos Estados Unidos, tentando fazer crer que primeiro ministro Israelita Ehud Barak fazia corajosas concessões para alcançar a paz, enquanto que a má vontade dos palestinos comprometia por completo os resultados dos encontros.

“…Não importa que as “corajosas concessões” de Ehud Barak consistissem no consentimento de que os palestinos teriam de compartilhar responsabilidades administrativas num par de remotas freguesias de Jerusalém Leste – migalhas patéticas atiradas à carpete para Iasser Arafat ir apanhar, agradecidamente.
“What Americans Need to Know — But Probably Won’t Be Told — To understand Palestinian Rage”do reporter Americano Eduardo Cohen, do Palestine Media Watch, http://www.pmwatch.org/

O que foi oferecido a Arafat – continuação

“…Barak aparentemente solicita apenas 10% dos territórios ocupados.

Na realidade trata-se de perto de 30%, levando em conta os territórios que ele pretende anexar na área de Jerusalém, e os que quer colocar sob protecção do seu “controlo de segurança” no Vale do Jordão.
Pior do que isso, no mapa que foi apresentado aos palestinos, a contagem dos pontos percentuais corta o país de Leste a Oeste e de Norte a Sul, de forma que o estado palestino ficaria constituído por um grupo de ilhotas rodeado por colonos judeus e tropa…”

“…A opinião publica mundial está sempre do lado do mais fraco.

Nesta luta nos somos Golias e eles são David.
Aos olhos do mundo (fora dos Estados Unidos) os palestinos estão a travar uma luta de libertação contra uma ocupação estrangeira.
Nós estamos no território deles e eles não estão no nosso.
Nós somos os ocupantes, eles são as vítimas. Esta é a situação na realidade e nenhum ministro da propaganda pode mudar isto…"
”Palavras de Uri Avnery, activista israelita pela paz, “12 Conventional Lies About the Palestine-Israeli Conflict” da Palestine Media Watch, www.pmwatch.org.

“CARTA ABERTA PARA UM AMIGO, AGORA EM PAZ”, escrita por um Israelita

“…Sete anos passaram exactamente desde que te escrevi a última carta. Foi no dia seguinte à assinatura dos acordos de Oslo, quando me convidaste para dançar contigo na Praça Menorah. Deixa-me que te repita algumas passagens dessa velha carta:
“…Dançaram na Praça porque estavam felizes com esta paz. Não uma simples paz, mas uma mistura de paz e de segurança, palestinos que batiam no peito por crimes cometidos, em renúncia ao terrorismo, e concessões de longo alcance feitas pela outra parte.

Uma paz de que se podiam orgulhar.
Uma paz – assim se vangloriavam – pela qual nada temos de dar em troca (só “uma coisinha de nada”, sussura o primeiro ministro) e ganhando muito com ela; reconhecimento, maior segurança, o fim da Intifada, renúncia ao terrorismo, sermos aliviados dos árabes e mais do que isso.
È grande a vossa alegria com essa paz, e em sua honra convidam-me para dançar convosco. Não, obrigado!...
Vocês viram-se livres de Gaza, separaram israelitas de palestinos, a quem deixaram o trabalho sujo e nem sequer prometeram retirada ou a constituição dum verdadeiro estado. Quanto vale uma paz, comprada assim tão barata?...”

“…Eu, pelo contrário, vejo a paz como um fim e não como um meio, e peço a saída dos territórios ocupados porque não temos nada a fazer ali, mesmo se a ocupação não nos tivesse custado uma única vítima ou um cêntimo; e sou contra atirar tiros sobre crianças – e adultos! – simplesmente porque é proibido disparar sobre crianças ou sobre civis desarmados…”

“…Desde que escrevi estas palavras celebraram a paz e ficaram gordos e prosperaram. A repetida e variada violação dos acordos não vos comoveu, já para não falar nas modificações na nossa cultura de guerra e ocupação, a voz arrogante daqueles que negociaram em nosso nome e as suas tentativas para ganhar mais e mais, e troca de menos e menos…”

“…Que coisas haverá nisso que nos confundam?

Um exército conquistador usa tanques e helicópteros de assalto para dispersar manifestações de povo.
O que há aqui tão difícil de compreender?...
Há uma ocupação e há uma luta contra essa ocupação!
Há manifestantes e há um exército que recebeu ordens para derramar o seu sangue. E não me venham com a história das carabinas! A vossa gloriosa carreira de armas habilita-vos a entender aquilo que até os jornalistas da CNN entendem: tais carabinas não colocam Israel em perigo, ou os seus soldados se não se chegarem lá mesmo ao pé!...”

“…Na carta de 1993 dizia eu que o tango da paz implica a existência de um par que dance em unidade e igualdade; não é dança em que um dos pares arraste o outro conforme lhe apeteça…

Na vossa dança de paz não há nenhum par, só inimigos. Porque na vossa paz com ocupação, o vosso ganho é a perda deles…
A paz ainda está longe porque exige honestidade, exige igualdade. Querem forçá-los a mentir, querem arrancar-lhes uma paz de rendição, querem celebrar uma paz entre opressor e escravo.
Em tais condições talvez possa haver a paz dos cemitérios, mas Paz verdadeira não.
E nunca antes que abram os vossos olhos e o vosso coração. E nunca antes que estiverem prontos para uma paz partilhada em igualdade…”
“The Party Is Over: An Open Letter to a Friend In Peace Now,” de Michael (Mikado) Warschawski,


“Barak prometeu a paz e trouxe a Guerra, e não foi por acaso”

“…Barak prometeu a paz e trouxe a Guerra, e não foi por acaso.

Enquanto falava de paz, alargava os colonatos.
Cortava os territórios palestinos em fatias com estradas “de atravessamento”.
Confiscava terras.
Demolia casas.
Desenraizava árvores.
Paralisava a economia palestiniana.
Conduzia negociações mediante as quais tentava impor aos palestinos uma paz que equivalia à capitulação. Não estava satisfeito ainda com o facto de os palestinianos já terem cedido 78% da área da sua mãe pátria. Exigiu a anexação de “blocos de colonatos” e fingiu que eles apenas constituíam 3% do território, quando de facto significava que mais do que 20% ficariam sob controlo de Israel.
Quis coagir os palestinianos a aceitar um “estado” inteiramente seccionado de todos os seus vizinhos, composto de diversos enclaves isolados uns dos outros, cada um deles rodeado por colonos israelitas e soldados…
Vangloriou-se publicamente de que não tinha restituído aos palestinianos uma única polegada de território…
Quando a Intifada irrompeu, enviou atiradores especiais para abater a tiro, à distância, a sangue frio, centenas de manifestantes desarmados, adultos ou crianças.
Bloqueou cada vila e cidade, isolando-as, levando-as até ao ponto de morrerem de fome de forma a obrigá-las a renderem-se.

Bombardeou as freguesias rurais.
Iniciou uma política de assassinatos selectivos tipo “máfia”, o que acarretou uma inevitável escalada da violência…”
Uri Avnery, activista israelita pela paz, 3 de Fevereiro de 2001, www.gush-shalom.org

Uma ocupação “benigna”
“…Os Israelitas gostam de acreditar, e dizem ao mundo, que estão a conduzir uma ocupação “esclarecida” e “benigna” , qualitativamente diferente de outras ocupações militares que o mundo conheceu. A verdade é inteiramente outra. Como todas as ocupações, Israel foi fundado com força bruta, repressão e medo, colaboracionismo e traição, espancamentos e câmaras de tortura, intimidação feita dia após dia, humilhação e manipulação…”
In: “Righteous Victims” de Benny Morris, historiador Israelita.
O que significa “encerramento”
“…A uma hora de automóvel de Jerusalém, um drama cruel decorreu durante os passados cinco meses, coisa que já não se via desde os primeiros tempos da ocupação Israelita, mas a maioria dos israelitas não liga a mínima importância. O punho de ferro do “encerramento” no seu novo formato está a estrangular progressivamente uma população de 2,8 milhões de pessoas, e no entanto, ninguém diz uma palavra…”

“…Tem de ser dito frontal e directamente: nunca houve um “encerramento” destes aqui, no país das barreiras e dos encerramentos. Nos piores momentos da Intifada anterior, quando as IDF (forças armadas israelitas) estavam por todo o lado e o recolher obrigatório era imposição absoluta, não havia uma tal situação em que todo um povo é prisioneiro sem ter sido julgado, e sem direito a recorrer judicialmente…”

“…Israel retalhou a Cisjordânia com centenas de trincheiras, aterros de detritos e cubos de betão que foram amontoados à entrada da maioria das localidades.

Ninguém entra nem ninguém sai , nem as mulheres grávidas nem os moribundos.
Não há sequer um soldado com quem se possa argumentar ou a quem se possa implorar seja o que for.
Uma teia de atalhos sinuosos que contorna labirintos e lança todo um povo através de trilhos irregulares, pedregosos, lamacentos, às quais não falta o risco agravado de ser preso ou de levar um tiro de soldados que frequentemente alvejam os desesperados viajantes…”

“...Nunca antes disto houve tamanha angústia e sofrimento numa escala tal entre os palestinos destes territórios. Irá crescer dentro de si um desespero sem precedentes que disparará a violência de um momento para o outro, de forma mais cruel e dolorosa do que tudo até aqui…

A questão é esta: a horrível tensão a que estão sujeitos os palestinianos devido ao presente estado de “encerramento” irá em breve transformar-se no desespero dos israelitas…
O estado de sitiados, a escandalosa acção opressiva, deve ser levantada rapidamente.
Tal deverá ser feito sem condições na cessação da violência, porque o cerco do “encerramento” é o mais eficaz estímulo para a violência…”
Palavras de Gideon Levy, escritor ao Há’aretz, 4 de Março de 2001

Uma visão do futuro

..


Um futuro livre de etnocentrismo

“…O primeiro desafio é, pois, tomar consciência daquilo que Israel nos fez… e, a partir daí, acredito que devemos conservar a possibilidade de ter acesso a uma forma de coexistência que possibilite uma vida melhor, uma vida nova e livre de etnocentrismo e de intolerância religiosa… Se apresentarmos as nossas reivindicações sobre o passado como forma de acesso à coexistência mútua, a resposta a longo prazo da parte de Israel e do Ocidente será vibrante…”
In: “The Progressive”, por Edward Said, Março de 1998.

A resposta? Um estado palestino soberano!...
“…O destino final do acerto da paz entre palestinianos e israelitas começou a emergir das brumas da política. Tal acerto deve… dar ao povo palestino um estado próprio soberano, incontestado e independente. É uma questão de justiça e de sentido prático. Se a finalidade for uma paz estável e duradoura, esta é a única solução. Simples artimanhas ou aparências não vão chegar. O estado terá de ser uma realidade operacional, e as condições seguintes essenciais:

─ Territorialidade integral, com plena continuidade; a continuação das fracturas do território palestino tornarão sempre inviável a sua manutenção como estado, quer política quer economicamente; não pode haver bolsas interiores num estado palestino sob jurisdição israelita!...

─ Uma capital soberana em Jerusalém: Jerusalém Leste é o coração histórico, espiritual e comercial da Palestina. Excluí-la do estado palestino é impensável.

─ Justiça e igualdade para os refugiados; como questão de princípio, é inegociável o direito que os palestinianos têm de regressar às suas terras, ou a ser compensados pela perda de suas terras e de suas casas.

Israel deve reconhecer o sofrimento e a penúria que tiveram de enfrentar os refugiados palestinianos como consequência da expulsão a que foram sujeitos da sua pátria mãe, e deve prestar assistência à sua reabilitação e reabsorção…”

Editorial de A.S. Khalidj, no “The New York Times” de 11 de Fevereiro de 1997.
A reivindicação dos refugiados palestinianos é justa e realista

“…O deputado e engenheiro palestiniano Salman Abu Sitta demonstrou que o regresso dos refugiados é possível sem apreciável deslocação de residentes judeus. Isto porque setenta e oito por cento da população judaica de Israel vive apenas em 15% do território…”

“…Ironicamente, a terra da Galileia Superior da qual são oriundos uma altíssima percentagem dos refugiados que foram expulsos é muito pouco populosa, porque muitos dos imigrantes que ali se instalaram não quiseram permanecer tão afastados dos principais centros de vida urbana de Israel tais como Tel-Aviv, Haifa e Jerusalém.

Daqueles que realmente ali continuam a tratar a terra, muitos são Tailandeses ou Romenos não-judeus, destinados a retirarem-se para os seus países de origem, uma vez terminados os seus contratos de trabalho…”
Afirmações de Richard Curtiss, na edição de Junho de 2000 do “Washington Report On Middle East Affairs”.
Professor israelita apela para um novo sionismo

“…Foi o nosso nacionalismo que conduziu o país à “ocupação” e ao assentamento de colonos na Cisjordânia.

Nenhum dos dirigentes do movimento trabalhista acreditava que os palestinianos tinham os mesmos direitos que os judeus, porque nenhum deles acreditava em direitos universais.
Fazendo de conta, como Arthur Hertzberg e outros, que a ocupação e a situação colonial criada nos últimos trinta anos foi meramente o produto da recusa árabe de reconhecer Israel, não é mais do que procurar álibis e falsificar a história…”

“…Chegou a altura de dizer que se os assentamentos na Judeia e Samaria ou em pleno coração do Hebron são a continuação natural, lógica e legítima das intenções originais do sionismo, então necessitamos de outro sionismo.

Se um “Estado Judeu” que não reconhece a absoluta igualdade de todos os seres humanos é considerado mais próximo do espírito dos “pais fundadores” do que o novo sionismo liberal, então é tempo para dizer adeus aos fantasmas dos fundadores, e começar a forjar para nós próprios uma identidade diferente, separada das ramificações místicas da nossa religião e do lado irracional da nossa história…”
Afirmações de Ze’ev Sternhell, professor israelita de Ciências Políticas, publicadas no “Tikkun” de Maio/Junho de 1998.

Fontes para mais investigações a respeito da Palestina e Israel


As curtas citações inseridas ao longo desta obra, não são o bastante para provar as razões expostas. A comprovação histórica, contudo, é esmagadora e está disponível de forma documentada nas obras que foram sendo citadas. As fontes principais são as seguintes:

1. “Palestine and Israel: A Challenge to Justice” de de John Quigley, professor de direito da Ohio State University, Duke University Press, 1990;

2. “The fatefull Triangle”: “The United States, Israel & The Palestinians” de Noam Chomsky, professor do Massachussets Institut of Technology (MIT) (“o mais importante intelectual vivo” – “New York Times”); South End Press, 1983;

3. “Original Sins: Reflections on the History of Zionism and Israel” By Benjamin Beit -Hallahmi. Uma história honesta do sionismo por um notável professor Israelita que ensina na Universidade de Haifa. Olive Branch Press, 1993.

4. “Bitter Harvest” por Sami Hadawi. Uma observação muito completa às provas documentais da criação do estado de Israel, de autoria de um cristão palestiniano que viveu esse processo. Caravan Books 1979

5. Para artigos da imprensa alternativa e da imprensa israelita, consultar os seguintes endereços: http://www.zmag.org/, e http://www.commondreams.org/.

6. Outra fonte importante é a “Jewish Voice for Peace”. Pode integrar a sua mailing-list através do endereço: shlensky@socrates.Berkeley.edu.


7. Também a “Americam Educational Trust” entidade que publica o “Washington Report on Middle East Affairs” (uma grande revista) apresenta uma vasta secçãso de livros disponíveis. Peça catálogo grátis a AET, PO Box 53062, Washington, DC 20009. Também disponível na net em http://www.washington-report.org/
 

CONCLUSÕES - I (para leitores judeus)

...

Como vimos as causas fundamentais do conflito Palestina e Israel são claras.

Durante a guerra de 1948, 750.000 palestinos fugiram aterrorizados ou foram expulsos pela força da sua pátria ancestral e por isso, transformados em refugiados.

O estado de Israel recusou-lhes, na sequência disso, a autorização para regressar e, ou destruiu inteiramente as localidades onde habitavam, ou expropriou as suas terras, pomares, casas, lojas, pertences pessoais e de negócio, para serem utilizados pela população judia.
Este foi o nascimento de Israel!...

Sabemos que é difícil de aceitar emocionalmente mas, neste caso, o povo judeu está no lado do erro.

Tomámos a maior parte da Palestina pela força aos árabes e culpámos as vítimas por resistir à sua espoliação.
Se um de vós por qualquer razão vai de encontro a um carro parado, danificando-o, manda a justiça que tenha que pagar a reparação respectiva.

A nossa obrigação moral para com os palestinianos não é menos clara: é tempo de todos os judeus de boa consciência fazerem as reparações possíveis aos palestinianos, de forma a honrar o melhor da tradição judaica: a sua base ética e moral.

Qualquer crítica que se faça a Israel é tradicionalmente vista pelos judeus americanos como prejudicial para o povo judeu, mesmo que a crítica seja justa.

O princípio de que “o meu povo, certo ou errado, é na mesma o meu povo” não é diferente daquele outro que afirma que: “o meu país, esteja certo ou errado, é na mesma o meu país”.

Quando se começa a entender que os meios justificam sempre os fins, perdemos a razão para evocar a moralidade.

Bem como milhões de outros judeus americanos que não estão inscritos em organizações judaicas americanas, sentimo-nos ultrajados pela continuada opressão efectuada sobre os palestinianos, e julgamos que isso tem arruinado os altos padrões morais do povo judeu.
O governo israelita poderia resolver a crise israelo-palestina de um dia para o outro!

Fazer isso seria fora de dúvida no melhor interesse dos seus próprios cidadãos, dado que os actos de terrorismo contra Israel cessariam se as reivindicações palestinas de um estado palestino independente e viável fossem aceites e dadas as indemnizações por perdas sofridas pelos árabes.

Aqui na América nós, judeus, estamos completamente assimilados no seio da sociedade, e ocupamos posições de poder e influência em todo e qualquer domínio de actividade. Já não necessitamos de actuar de forma defensiva. Podemos mudar de atitude, dado que não está em causa sermos judeus ou não.

No mínimo dos mínimos os judeus americanos devem esclarecer categoricamente que não podemos admitir a ocupação ilegal da Palestina por Israel, e o assassínio e a mutilação de manifestantes que apenas atiram pedras, conforme está documentado em relatórios do Conselho de Segurança das Nações Unidas, da Comissão das Nações Unidas para os Direitos Humanos, da Amnistia Internacional, da “Human Rights Watch”, o grupo israelita “B’Tselem”, etc.
De acordo com um inquérito encomendado pelas cinco principais organizações de judeus americanos, mas mais tarde escamoteada por elas, 20% dos judeus americanos apoiava as solicitações palestinianas e 35% declaravam que Jerusalém devia ser partilhada.

Isto, perante um quase total supressão das notícias a respeito das posições palestinianas na nossa imprensa, é muito impressionante.
Reúnam-se a este grupo de judeus americanos contactando “Not In My Name” em http://www.nimn.org/, grupo que lidera um conjunto de grupos judaicos que protesta contra as ocupações feitas por Israel.

Os interesses de longo prazo de Israel podem ser melhor servidos apoiando os grupos israelitas que pugnam pela paz, tais como “Gush Shalom” (http://www.gush.shalom.org/) e não o governo de Israel e a sua brutal repressão, que conduz a uma interminável violência. Os grupos israelitas pela paz criticam com toda a razão o seu governo, e também nós devíamos fazê-lo, uma vez que eles dizem agir em nosso nome.

Grupos americanos como o “Jewish Peace Lobby”, a “Jewish Voice for Peace” e a “Middle East Children’s Alliance” também merecem apoio.

Não comprometam o vosso comportamento ético apoiando cegamente políticas erradas – apliquem-se, pelo contrário, na busca das soluções justas.

CONCLUSÕES - II (para leitores não judeus)

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Esperamos que este olhar sobre o registo histórico que contempla as causas do conflito no Médio Oriente ponha alerta todos aqueles que anteriormente apoiaram as atitudes israelitas.

A perseguição dos judeus que durou séculos na Europa foi uma das piores manchas da sua história, e o desejo sionista de um santuário de paz é certamente compreensível. Como todas as iniciativas coloniais, contudo, o sionismo baseou-se numa total desconsideração pelos direitos dos povos autóctones. É por isso, moralmente indefensável. Como anteriormente afirmámos, todos os crimes cometidos como consequência disso – e foram muitos de ambos os lados – a sua causa está na injustiça inicial cometida contra os palestinianos.

Dados os prejuízos causados ao povo palestiniano, é obrigação de Israel fazer todas as indemnizações possíveis.

Entre elas estaria a de acompanhar a criação de um estado palestiniano soberano em toda a Cisjordânia e em Gaza, com a sua capital em Jerusalém Leste.
Israel não devia objectar contra esse estado, pelo contrário, devia apoiar a sua fundação mediante generosas reparações.

Além de se tratar da solução mais correcta, isso iria terminar com as esporádicas acções de violência contra Israel, e bem assim realizaria o desejo legítimo do povo palestino de ter o seu próprio estado. Além disso, todas as leis discriminatórias contra pessoas não judias habitando Israel deveriam ser erradicadas.

Em presença da história delineada neste documento, concluímos que aos palestinianos coube o papel dos que mais prejudicados foram, e que a justiça exige que os erros contra eles cometidos devem ser devidamente reparados.
Justiça completa e integral deveria conceder aos palestinos refugiados o direito de regressar às suas terras mas, na prática, entendemos que uma tal medida poderia vir criar situações de violência.
Por conseguinte, reconhecendo essa realidade, somos do parecer da organização “Gush Shalom” e de outras organizações pacifistas de Israel, de que deveriam ser feitas negociações para decidir direitos de regresso alternativos para a maior parte dos refugiados palestinianos que desejassem regressar ao estado palestino, generosamente compensadores, da responsabilidade de Israel e da comunidade internacional.

Como cidadão dos Estados Unidos da América sentimo-nos na obrigação especial de velar para que justiça seja feita neste assunto. A ajuda financeira dos Estados Unidos a Israel tem sido enormíssima, e o nosso apoio diplomático tem sido crucial na manutenção das posições israelitas de ocupação dos territórios árabes.
Recomendamos empenhadamente que contactem com os vossos representantes eleitos em Washington solicitando-os com convicção para que insistam, como condição prévia à continuação do apoio a Israel, que o mesmo deve ceder ao consenso da opinião mundial e retirar para as fronteiras de 1967, conforme tem sido solicitado em inúmeras votações nas Nações Unidas.
Os judeus americanos em particular têm a responsabilidade especial de reconhecer os pontos de vista palestinianos, de modo a permitir que o debate a respeito deste assunto progrida. Tal como escreve Noam Chomsky no seu livro”Peace in the Middle East”:

“…Na comunidade judaico-americana, há um vontade reduzida em encarar o facto de que os árabes palestinanos terem sofrido uma monstruosa injustiça histórica, seja qual for a opinião acerca dos argumentos em presença. Enquanto tal reconhecimento não tiver lugar, a discussão a respeito da crise sobre o Médio Oriente nem sequer pode começar...”.
A longo prazo, somente através da aceitação da culpabilidade e fazendo as respectivas compensações, poderão os israelitas viver em paz com os seus vizinhos.


Só então poderá ser restaurada a tradição judaica, velha de séculos, de ser um povo de elevado carácter moral. E só desse modo se poderá recuperar segurança real, paz e justiça, para essa antiga região do mundo.
 
 
 
dentro de 5 anos e que os palestinos poderiam então ter a liberdade de estabelecer um estado independente. Entretanto ambos os lados elaborariam os detalhes da retirada de Israel e definiriam o acordo sobre o estatuto de Jerusalém, o futuro dos colonatos judaicos e o regresso dos refugiados palestinos…”.